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Como os golpistas ganham dinheiro com as fraudes no WhatsApp?

Criminosos se aproveitam de acordos de publicidade para faturar com golpes no WhatsApp (Foto: Reprodução)

As fraudes que circulam no WhatsApp tentam aproveitar todo o tipo de tema para atrair vítimas: nem mesmo o desabastecimento de gasolina durante a greve dos caminhoneiros passou batido pelos criminosos, que fizeram circular uma mensagem sobre uma suposta rede de postos que receberia o combustível. Mas os criminosos também já fizeram circular fraudes sobre oportunidades de emprego falsas, promoções de produtos e comida, recarga de celular e até benefícios sociais.

As mensagens são sempre falsas, mas o contexto na data em que o golpe circula — como no caso da greve dos caminhoneiros — pode fazer com que ela ganhe alguma credibilidade.

Mas quem é realmente a “vítima” desses golpes? Para o internauta que acessa o link na mensagem, normalmente não acontece nada de muito ruim. Ele será obrigado a encaminhar a mensagem para seus contatos, repassando e aumentando o alcance da fraude, mas em geral a fraude acaba por aí. Mesmo quando é sugerida a instalação de um aplicativo, trata-se normalmente de um aplicativo legítimo e inofensivo no Google Play.

Em alguns casos, a vítima pode acabar assinando sem querer um serviço de SMS Premium, o que vai aumentar a conta do telefone móvel. Esse prejuízo, também, pode ser normalmente reembolsado através de uma reclamação com a operadora por cobrança é indevida.

Os golpistas, porém, conseguem lucrar com todas essas atividades. A primeira delas é o acesso e a permanência do usuário do WhatsApp na página da fraude. A página às vezes possui anúncios publicitários pelos quais o golpista recebe pelas visualizações ou por cliques (que podem ser induzidos ou ocorrer por acidente durante a etapa de encaminhar a mensagem a terceiros).

É importante ressaltar que as empresas anunciadas não pagam diretamente aos criminosos. A publicidade na web é normalmente intermediada por uma série de agências que têm contratos com os anunciantes e outras agências que possuem contratos com os criadores de conteúdo. Golpistas acabam conseguindo se aproveitar disso e firmar parcerias com agências em vários locais do mundo, muitas vezes com nomes falsos, para poder repetir a fraude.

Os demais truques na fraude do WhatsApp também são remunerados por anunciantes. Se o usuário instalar um aplicativo, o criminoso recebe uma comissão de afiliado pela “referência” da instalação. Se o usuário assinar um serviço de SMS, idem — as empresas que prestam esses serviços pagam pela referência. O que elas não sabem é que os supostos clientes estão chegando por meio de uma fraude.

Quando o usuário do WhatsApp enfim se der conta de que instalou um aplicativo ou assinou um serviço que não queria, o golpista pode já ter recebido a sua parte pelo negócio. O anunciante e a empresa que pagam pelas referências é que ficam com o prejuízo, já que eles não receberam um consumidor real, ou seja, alguém que contratou o serviço ou instalou o aplicativo ciente do que estava fazendo.

A vantagem desses golpes, para os criminosos, é que os mais prejudicados (os anunciantes) não são os mesmos responsáveis por alimentar a fraude (que são os usuários do WhatsApp). Dessa forma, quem recebe o golpe tem pouco incentivo para não cair nele — já que a fraude é praticamente inofensiva.

Isso não significa que devemos nos descuidar no WhatsApp. Sempre pode haver algum golpe com uma finalidade mais agressiva e que pode instalar um aplicativo espião, por exemplo.

Além disso, o WhatsApp tem se tornado um canal forte para a disseminação de informações falsas e os golpes são apenas uma variação dessa tendência. Ter uma boa “higiene” no WhatsApp e evitar repassar essa sujeira — sejam os golpes ou as informações falsas — é útil para toda a sociedade, ainda mais em ano eleitoral. Desconfie de mensagens que não tragam fontes confiáveis de dados e, claro, não acredite em nenhuma página que diga que você precisa encaminhar algo para os amigos. *Por G1