Ação da Petrobras vale menos de R$ 9 e dólar sobe a R$ 2,71 com temor sobre Grécia e China

O cenário externo desfavorável, com preocupações sobre a Grécia e desaceleração na China, e as informações desencontrados do governo sobre ajustes na economia fazem a Bolsa brasileira iniciar a semana em terreno negativo. Os papéis da Petrobras voltaram a ser negociados abaixo de R$ 9.

Às 11h36m, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, operava em queda de 2,01%, aos 47.554 pontos. Já no mercado de câmbio, o dólar comercial avançava 0,74% ante o real, a R$ 2,711 na compra e a R$ 2,713 na venda. Na Grécia, a preocupação é que a crise política gere instabilidade na região, e já se especula a saída do país da União Europeia.

Ação da Petrobras vale menos de R$ 9 e dólar sobe a R$ 2,71

Já na China o temor dos investidores é de uma desaceleração ainda maior na economia do país asiático. Essa redução no ritmo de crescimento tem afetado fortemente o preço de commodities, o que prejudica os países emergentes exportadores de matérias-primas, como o Brasil. ê o menor preço das commodities, além das denúncias de corrupção no âmbito da Lava Jato, que tem prejudicado o desempenho das ações da Petrobras.

O preço do petróleo tipo Brent opera novamente em queda, abaixo dos US$$ 56 o barril. Os papéis preferenciais da estatal operam em queda de 3,95%, a R$$ 8,99, e os ordinários recuam 3,33%, a R$ 8,70. Além dos fatores externos, Adriano Moreno, estrategista da Futura Invest, destaca uma influência negativa interna sobre o mercado.

“Pegou muito mal a presidente Dilma ter desautorizado o ministro do Planejamento sobre mudanças no cálculo do reajuste do salário mínimo. Isso aconteceu logo na virada do ano e deixou a sensação de que talvez a autonomia da nova equipe econômica será limitada”, afirmou o analista.

No final de semana, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, precisou divulgar uma nota afirmando que a política de reajuste não será alterada após a presidente Dilma Rousseff demonstrar descontentamento com as declarações.

“Em 24 horas a presidente já começou a tirar a autoridade dos principais ministros. Preocupante, até porque o salário mínimo tem crescido acima do aumento de produtividade dos trabalhadores brasileiros”, afirmou, em relatório a clientes, os analistas da Yield Capital.

Apesar das pressões negativas, Adriano Moreno acredita que a Bolsa brasileira tem pouco espaço para cair mais nos próximos dias, uma vez que já vem de uma queda de 3% no primeiro pregão do ano, na sexta-feira.

Queda generalizada entre as ações

O dólar também reage a mudanças no programa de intervenção do Banco Central. O BC anunciou no fim de dezembro que reduziria em 2015 de US$$ 200 milhões para R$$ 100 milhões a oferta diária de contratos de swap cambial – operação equivalente à venda de dólares no mercado futuro e que busca desvalorizar a moeda estrangeira.

O BC também disse que o programa vai vigorar por pelo quatro meses, em vez dos seis meses de a renovação que a autarquia vinha promovendo. O Ibovespa opera em queda generalizada, com praticamente todas as ações registrando desvalorização.

A maior contribuição negativa vem do Itaú Unibanco, que registra queda de 2,12%. Os outros bancos também caem com força considerável. O Bradesco recua 2,12%, e o Banco do Brasil, 2,29%. Em cenário negativo para a economia global, a Vale registra queda de 1,78% (ON) e 1,60% (PN).

Outras “blue chips” (ações mais líquidas e importantes da Bolsa) também pressionam o índice. A Ambev recua 2,25% e a BRF, 2,38%.

Setor de educação sofre com mudança no Fies

As companhias do setor de educação se destacam entre as quedas. A ação da Estácio cai 6,48%, enquanto a da gigante do ensino superior privado Kroton recua 3,24%. As empresas são afetadas pela mudança nas regras do Fies, programa de financiamento universitário do governo federal.

A partir deste ano, os estudantes precisarão atingir pelo menos 450 pontos no Exame Nacional do Ensio Médio (Enem) e não zerar a redação para conseguirem o financiamento. O programa responde por uma parcela importante das receitas das universidades privadas.

No mercado interno, os investidores repercutem os dados da última pesquisa Focus do Banco Central. No exterior, os principais índices das Bolsas europeias operam em queda. O DAX, de Frankfurt, cai 0,51%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, apresentava recuo de 0,86%.

Já o FTSE 100, de Londres, registrava desvalorização de 0,87%.

Fonte: Correio da Bahia

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