Volkswagen do Brasil terá que recomprar 194 carros pré-série por venda irregular
Montadora vendeu unidades que têm problemas com a documentação para a venda; prática ocorreu com carros ano/modelo 2009 a 2018 e a recompra será feita pelo valor da tabela Fipe
Assim como na Alemanha, a Volkswagen do Brasil vendeu carros pré-série que não poderiam ser vendidos e agora terá que recomprá-los de seus atuais donos. A prática aconteceu com veículos ano/modelo 2009 a 2018 e atinge 194 carros. O caso é mais um escândalo da montadora que começou em outros mercados e afeta também o Brasil.
Segundo comunicado da própria Volkswagen, os veículos não têm o “registro de liberação”, que é uma “documentação técnica interna de montagem”. Por conta disso, “não é possível assegurar que as 194 unidades em questão atendam aos padrões e regulamentos exigidos”. Agora, a montadora promete entrar em contato com os atuais donos para fazer a recompra dos carros por 100% do valor anunciado na tabela Fipe.
O caso envolve 15 modelos, tanto nacionais quanto importados, e, assim como nos Estados Unidos e Europa, a prática foi feita até recentemente, já que carros 2018 também fazem parte do recall. Os modelos envolvidos são: CC, CrossFox, Fox, Gol, Golf, up!, Passat, Passat Variant, Parati, Polo, Polo sedã, Saveiro, Tiguan, Touareg e Voyage. O atendimento aos consumidores afetados começará em 1 de fevereiro.
No final do ano passado, a imprensa alemã revelou documentos apontando que a montadora vendeu quase 17 mil carros pré-série sem autorização nos Estados Unidos e na Europa.
À Autoesporte, a Volkswagen do Brasil confirmou o caso e explicou que “por não possuir a documentação de produção destas 194 unidades, não sabemos quais peças eles possuem e então a empresa decidiu pela recompra”. A montadora também afirma não ter “nenhum registro de acidentes com estes carros”.
Longa lista de polêmicas
Esta não é a primeira polêmica em que a Volkswagen se envolve nos últimos anos no Brasil e no mundo. Antes disso, a empresa foi peça central no Dieselgate, que consistia em fraudar o processo de testes de emissões. Assim, a montadora vendeu milhares de carros que poluem mais do que as leis de cada país permitem. No Brasil, 17 mil unidades da Amarok foram fraudadas e agora estão convocadas em um recall para conserto gratuito.
Ainda no que diz respeito ao diesel, a montadora foi acusada de financiar junto com outras fabricantes de automóveis testes no mínimo controversos. Para provar que o diesel é mais seguro que as mais recentes pesquisas apontam, um laboratório financiado pelas empresas teria colocado pessoas e macacos para inalar a fumaça do combustível. Em um segundo momento, foram estudados os efeitos dos poluentes no corpo.
Além disso, a própria empresa abriu um processo de investigação interna para apurar o envolvimento de sua diretoria com a perseguição da polícia política no Brasil durante a ditadura militar. Um documento elaborado pela própria empresa e revelado em primeira mão por Autoesporte aponta que houve, de fato, “colaboração” da empresa com a ditadura militar entre 1969 e 1979. A colaboração envolvia o repasse de informações sobre funcionários considerados subversivos. Alguns deles chegaram a ser presos e torturados depois dos informes aos militares.
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