Sintomas de dengue podem ser semelhantes ao da Covid-19; saiba mais

Com a pandemia do novo coronavírus, pacientes têm se assustado com a possibilidade de ter a doença ao ter sintomas como dor de cabeça e febre. O problema pode ser outra: a dengue. No Distrito Federal, casos da doença já conhecida (do tipo 1) chegaram neste ano a quase 25 mil com 14 mortes, segundo o último boletim epidemiológico desta semana (divulgado na segunda, dia 11). A Ceilândia lidera com mais de três mil casos, seguida do Gama, Santa Maria e Taguatinga. Outra região com elevando número de casos é Sobradinho II com 2.074,52.

Desde janeiro deste ano, o governador Ibaneis Rocha declarou estado de emergência na tentativa de evitar uma epidemia do mosquito Aedes no DF. Ele tomou a mesma medida em janeiro do ano passado, o qual ficou marcado por um alto número mortes pela dengue no DF. O último boletim epidemiológico registrou um aumento de 69,53% no número de casos prováveis deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2019.

“Tenho tanto medo de ter coronavírus, que qualquer sintoma em comum já me desesperou, no meu caso, as febres altas e dores pelo corpo”, disse a estudante Clara Menta, de 20.

“Nas duas primeiras semanas desconfiei da covid-19. Eu me sentia muito mal, com dores, fraqueza e sede”, explica Giovanna Lima, de 19, que contraiu a dengue neste ano. Pesquisadora em biologia molecular, a professora Maria Creuza Barros explica que os sintomas podem se parecer pela dificuldade em definir os sintomas do próprio coronavírus que ainda é novo. “Muitos pacientes relatam febre, dor no corpo e acabam confundindo com o vírus, o mais seguro é fazer o exame”.

A doença
A dengue é uma doença febril transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que deposita seus ovos em água parada causando sua proliferação. No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave, neste último caso pode levar até a morte.

Os quatro sorotipos do vírus da dengue podem trazem diferentes níveis dos sintomas principais. A doença é dividida entre dengue clássica e hemorrágica. No caso da hemorrágica ela pode ser contraída desde a primeira vez que se é infectado.

“Meu pai começou a ter princípio da dengue hemorrágica e não sentia nenhum sintoma externo – nenhum sangramento externo – mas os médicos diagnosticaram [o tipo hemorrágica]” contou João Felipe (22) que teve dengue no mesmo período que o pai.

Os principais sintomas aparecem na imagem:

Necessidade de repouso
“Senti muita fraqueza, febre, dor no corpo e falta de apetite”, recorda Luiz Carlos Cossão, de 38, que suspeitou que fosse coronavírus pela semelhança dos sintomas. “A médica já imaginava que fosse dengue e após a confirmação pelo teste tomei os cuidados principais: tomar bastante água, o soro e me mantive em repouso durante 15 dias”.

João Felipe comenta que o repouso é mesmo para aqueles que estão trabalhando em home office “Apesar das pessoas acharem que a gente não faz esforço estando em home office, toda vez que eu tentava trabalhar eu ficava muito pior, a febre aumentava, a dor aumentava”.

O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. Pode ser confirmado através de exame de sangue ou exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral.

Prevenção
“Mesmo nesse período é importante lembrar dos cuidados citados anteriormente como cuidado com a água parada. Para crianças e pessoas fragilizadas é válido o uso do repelente, ou até mesmo em casos de pessoas que podem ter fácil acesso a ele”, explica Maria Creuza.

Durante a quarentena, é importante fazer a limpeza adequada, evitando deixar água parada em pneus, vasos de plantas, garrafas e outros recipientes que possam servir de reprodução do mosquito. Se precisar sair de casa, evite jogar lixo na rua. A água da chuva pode entrar em recipientes, aumentando as concentrações do foco do mosquito.

“Nesse exato momento se contaminar com a dengue é sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde e até mesmo correr o risco de não conseguir ser atendido”, alerta a pesquisadora. Uma forma natural de evitar o mosquito, sugerida por Maria Creuza para aqueles que não tem acesso ao repelente é o uso de velas de citronela.

Cuidados
Tatiana Lepesqueur, de 43, explica que se surpreendeu com a doença. “Foi péssimo! O apetite acabou e ainda o gosto amargo na boca. Isso porque vivo com a raquete mata mosquito na mão e em casa não tem foco de dengue, mantenho cuidado”.

A pesquisadora Maria Creuza explica que, em movimento, não percebemos o contato com o mosquito. “Pode ser no carro, no transporte, no trabalho com ar-condicionado, percebendo que está num local onde a quantidade de contato com a dengue está alto é preciso fazer cuidados extras: dormir com a tela protetora e passar repelente”, alerta.

Para combater os focos, são feitas inspeções, organizadas pela Secretaria de Saúde do DF, nas casas das pessoas verificando se há ou não concentração de água parada. Apesar do período de isolamento, Tatiana, João Felipe e Giovanna afirmaram que foram realizadas inspeções em suas casas, Luiz Carlos não teve em casa, mas teve em seu trabalho. Ao ser questionado sobre a frequência e regiões mais frequentadas pelas inspeções, a Secretaria não se manifestou.

Confira abaixo um vídeo disponibilizado pelo Ministério da Saúde de como impedir criadouros do mosquito na caixa d’água:

Por Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

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