Quase 60 dias após resgate de cárcere, Deisiane Cerqueira, volta a receber ameaças

“Quero a minha vida de volta!”, este é o principal anseio da jovem Deisiane Cerqueira, 18 anos, quase 60 dias após ter sido resgatada do cárcere privado onde ficou, por seis meses, sendo torturada, abusada e ameaçada pelo ex-companheiro, o tatuador Marcos Alexandre, de 35 anos.

Na voz e nos trejeitos, a ingenuidade de uma menina sonhadora que acreditou na possibilidade de construir uma vida ao lado do namorado. “Ele dizia que a gente ia junto pra Itália, que íamos conquistar muitas coisas. Eu não podia acreditar que era a mesma pessoa”, conta relembrando que após a primeira agressão, Marcos decidiu mantê-la em cárcere privado, dentro da mesma casa onde os dois moravam juntos.

Durante 06 meses, Deisiane sofreu inúmeros tipos de agressão, torturas e abusos por parte do ex-companheiro.

Sem contato com os pais, familiares ou amigos, a jovem sofreu durante 06 meses, incontáveis tipos de tortura, agressões físicas e psicológicas, que só finalizaram quando, finalmente, no dia 19 de março, ela foi resgatada pelo pai, Robson Cerqueira, 43 anos, que foi até sua casa em busca de notícias. “Como tinha um relacionamento difícil com meu pai, era comum a gente ficar sem se falar por muito tempo. Então, ele demorou um pouco para perceber que havia algo de errado. Normalmente, eu ligava pra ele, pedia desculpas e, dessa vez demorou muito mais que o normal. Foi aí que ele percebeu que poderia estar acontecendo alguma coisa e foi atrás de mim. Foi a minha salvação. Meu pai é o meu herói”, diz.

Mais um caso que chocou a cidade e entra para a estatística de crimes contra a mulher no país. Deisiane é mais uma vitima desse tipo de violência que permanece caracterizada como a mais cruel e evidente manifestação da desigualdade de gênero no Brasil.

Marcos está preso em Salvador, aguardando a realização da primeira audiência

Com medo de retaliação pública, Marcus se apresentou à Delegacia da Mulher do município no dia 28 de março e permanece preso, em Salvador, aguardando a primeira audiência. No entanto, Deisiane continua recebendo ameaças, diariamente, e teme por sua vida. “Devido às ameaças, vou ter que voltar para a casa abrigo. Me sinto perseguida quando ando pela rua e estou sempre com medo”, relata. A jovem conta, ainda, que apesar de todo o apoio dos amigos e da família, além de acompanhamento psicológico, ainda se sente encarcerada, sente muita tristeza e tem muitos pesadelos. “Eu acordo no meio da noite gritando. Não posso ficar um minuto sozinha que já começo a chorar. Ainda é muito difícil esquecer aquilo tudo. Não consigo me olhar no espelho sem olhar para as cicatrizes e lembrar de todo aquele horror. Quero muito que isso acabe. Quero poder ter a liberdade de andar sozinha na rua, resgatar as minhas amizades, ser livre, viver…”

Apesar de tudo, a estudante conta que cultiva o sonho de abrir uma ONG para poder ajudar outras meninas e mulheres que passam por situações de violência. “Meu desejo é abrir uma ONG para poder ajudar outras mulheres. Quero muito que isso aconteça. Pois só quem já passou por uma situação de violência sabe o quanto é importante ter apoio, ajuda e oportunidade de retomar a vida. Nós mulheres precisamos nos ajudar umas às outras. Nos apoiar, saber que podemos contar umas com as outras”, deseja. Com informações da Nossa Metrópole

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