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Professora que morou em Camaçari recebe ‘Prêmio de Liderança Martin Luther King Jr.’ de universidade internacional

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Foto: reprodução

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts entrega pela primeira vez a uma professora brasileira o Prêmio de Liderança Martin Luther King Jr., que reconhece estudantes, ex-alunos, funcionários e professores que incorporam o espírito do lendário ativista de serviço à comunidade.

Como imigrante latina negra nos EUA (e no MIT), ela faz questão de trazer a diversidade e as vozes minoritárias para a discussão dentro da academia, conectando estudantes por meio de reuniões como o “Solta a Língua”, almoços mensais onde alunos se encontram para conversar em português, e também o “Boca Livre”, encontros semelhantes mas com periodicidade semanal.

Os alunos anseiam por esses momentos de interação para conhecer novas pessoas e trocar experiências, principalmente depois do período de isolamento causado pela pandemia, no qual todas as reuniões precisaram ser realizadas a distância.

Ela morou em Camaçari por tempo, mas não é natural de Camaçari. Nilma fez o vestibular escondido do pai e se formou em Letras na Universidade Federal da Bahia. Foi a primeira do bairro da cidade a entrar em uma faculdade. No doutorado, alçou voos maiores.

Por um projeto de parceria entre entre países, conseguiu uma bolsa de estudos para Linguística no país europeu. Através do doutorado, seguiu para dar aula em Harvard, nos Estados Unidos, por onde ficou durante seis anos até ser convidada a desenhar o programa de português na MIT.

‘Nós trabalhamos intensamente e naturalmente. É uma forma que os alunos também não só conheçam o Brasil por outros olhos, mas também vejam a sua própria cultura por outros olhos‘, conta ela sobre o trabalho de diversidade dentro da universidade norte-americana.

Questionada sobre as dificuldades por ser uma imigrante, negra e latina, Nilma destacou que a sua posição acadêmica ajudou no reconhecimento social.

‘No Brasil, eu não era considerada uma minoria. Aqui, eu sou. Mas o fato de eu ser uma profissional de uma área específica, ter doutorado em Linguística e ensinar língua portuguesa, isso dá um certo valor ao meu trabalho. Mas, evidentemente, me tornei nos EUA uma minoria que eu não conhecia quando morava na Bahia. Me tornei a única negra pelos departamentos por onde eu passei’, disse Dominique, que ainda deixou um recado para as estudantes: ‘estude, estude, estude. Esse é o melhor conselho que eu posso dar‘, finaliza.

Rosabelli Coelho-Keyssar, diretora do programa MIT-Brazil, foi uma das pessoas que nomearam Nilma para o MLK Leadership Award, pois reconhece a dedicação e o carinho que a professora coloca em seu trabalho: “Amor, igualdade, serviço, altruísmo. Nilma incorpora os valores de Martin Luther King Jr. servindo a comunidade do MIT com seu ensino e seu cuidado com nossos alunos”. A celebração do prêmio acontecerá virtualmente hoje, dia 10.

‘Uma das maiores, senão a maior, honra da minha vida acadêmica. A luta de Martin Luther King por igualdade e justiça, que acabou resultando no assassinato dele em 1968, ressoam até hoje no mundo. Ele deixou um legado extraordinário a ser seguido’, comemora a professora.