Prédios do centro de Brasília são esvaziados após tremor de terra
No Setor Comercial, abalo durou mais de 5 segundos. Também houve tremores em SP, MG, PR e RS.
Um tremor de terra foi sentido no centro de Brasília às 10h40 desta segunda-feira (2). Segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), o tremor foi reflexo de um terremoto de magnitude 6,8 ocorrido na Bolívia.
Os abalos também foram sentidos na Avenida Paulista, em São Paulo, em Santos (SP), em Marília (SP), em Araxá (MG), em Belo Horizonte (MG), em Uberlândia (MG), no Paraná e no Rio Grande do Sul.
“É um tremor considerável, mas ainda não sabemos de estragos no Brasil e na Bolívia. Qualquer tremor assim tem reflexos. Por isso, as pessoas sentiram aqui”, disse o professor da UnB George Sand França.
No Setor Comercial Sul (SCS), foram sentidos três abalos pequenos e um maior, que durou mais de 5 segundos. Não há informações sobre feridos no Distrito Federal.
O subsecretário da Defesa Civil, Sérgio Bezerra, pediu que a população tenha calma. “A orientação é de que as pessoas se acalmem. Foi como se um caminhão pesado tivesse passado na frente da sua casa”, explicou. Ele orientou que os moradores liguem para o órgão “apenas caso haja rachaduras em vigas ou pilares”.
“Eu trabalho sentada em uma daquelas cadeiras com rodinhas. Tremeu tudo duas vezes. Até achei que fosse labirintite”, disse a recepcionista Sandra Bastos, 52 anos, que trabalha no segundo andar de um prédio.
“Vi que, além da cadeira, a laranja sobre a minha mesa se mexeu. E aí mandaram a gente descer. Foi bem rápido, mas ninguém entrou em pânico.”
Foram esvaziadas as sedes do Tribunal de Contas do DF, da Infraero, da Codeplan, da Terracap e da Secretaria de Segurança Pública, e os ministérios da Educação, da Justiça e da Indústria e do Comércio. Servidores tiveram de sair do Palácio do Buriti, sede do poder no DF. Os funcionários da Oi, no Setor Comercial Sul, foram mandados para casa.
“Todo mundo desceu a escadaria correndo. O prédio esvaziou em menos de um minuto”, relatou o dentista Carlos Alberto Guerra, que trabalha no edifício do Sesc. “Muitos confundiram com labirintite, mas a segurança do prédio mandou descer.”
O tremor também foi sentido por pessoas que estavam no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), no Aeroporto Juscelino Kubitschek, no Guará e em Taguatinga Norte.
O que explica?
Os tremores de terra sentidos no Brasil foram brandos porque o terremoto foi “muito profundo”, segundo o professor de sismologia e pesquisador do Observatório Sismológico da UnB Lucas Vieira Barros. A 500 km de profundidade no epicentro, a energia se dissipou até chegar a cidades brasileiras.
“A região dos Andes é muito ímpar quando se fala em sismologia, tanto em termos de magnitude, quanto em profundidade. Na região, estão em contato as placas de Nazca e a Sul-Americana. Em razão disso, foi nesta região, mais precisamente no Chile, que houve o tremor de maior magnitude de que se tem notícia, de 9,5 em 1970.”
Segundo ele, é possível que haja outro temor na Bolívia, mas ele não deve chegar até o Brasil desta vez. “Normalmente, após um tremor de alta magnitude, ocorre um réplica, um abalo secundário. Via de regra, ele tem magnitude menor – geralmente é de 1,2 graus a menos que o primeiro.”
“Por isso, não há nenhuma possibilidade de que produza qualquer reflexo no Brasil.”
Mesmo que ocorra um terremoto de magnitude ainda maior, dificilmente geraria dano no Brasil, aposta Barros. “Em razão da distância e da profundidade, a energia se dissipa muito facilmente.”
Por G1 DF.
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