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Pai e filho são resgatados de trabalho escravo em fazenda do pai de Luiz Argôlo

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Empregados viviam em um alojamento sem água potável; filho do dono da propriedade rural, ex-deputado está preso após condenação na Lava Jato

Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

Por Bahia.Ba

Auditores fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) resgataram, nesta semana, um homem e o filho dele, que eram mantidos em condições análogas às de escravidão na Fazenda Riachão, em Entre Rios, de propriedade do pai do ex-deputado federal Luiz Argôlo, Manoelito Argôlo dos Santos. Manoelito é ex-prefeito da cidade de Entre Rios. Argôlo cumpre pena de 11 anos e 11 meses em regime fechado após condenação na Operação Lava-Jato.

A equipe de fiscalização encontrou diversas irregularidades, como trabalho sem carteira assinada. O homem vivia com o filho em um alojamento com péssimas condições de saúde e higiene, sem água potável. Eles tinham que usar a água suja de um poço, armazenada em vasilhames de óleo reaproveitados.

No alojamento onde viviam, havia gambiarras elétricas, manchas de fezes de morcegos nas paredes e banheiro contendo apenas um vaso sanitário sem descarga. Não havia local para armazenar alimentos, o que obrigava os dois moradores a usar arames para pendurar a comida em sacos, de modo a protegê-la de roedores. O empregado teve que levar colchões e roupas de cama próprios, pois o empregador não os fornecia.

Além da fazenda Riachão, a equipe foi ao Rancho Alegre, também em Entre Rios, e não encontrou o proprietário que foi visto na região, mas não apareceu para falar com os fiscais. Ao entrevistar os 15 empregados, os auditores detectaram diversas irregularidades, que cabem auto de infração e aplicação de multas.

As propriedades têm pista de pouso e hangar para aviões. Ao lado da casa da família na sede da fazenda Rancho Alegre, há um grande parque de exposições, que leva o nome de seu proprietário, político influente na região e que se notabilizou pelas festas e os leilões de gado.

Os trabalhadores não tinham equipamentos de proteção, ninguém fazia exames médicos ocupacionais e alguns recebiam menos do que um salário mínimo. Também não era feito o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ninguém tirava férias. Os relatos dos trabalhadores falam de até 30 anos nessas condições de trabalho.

O valor total devido aos empregados pela fazenda supera os R$ 150 mil. Uma reunião foi realizada ao fim da tarde de quinta-feira (18) com os representantes do empregador, que se recusou a regularizar os vínculos e realizar o pagamento dos trabalhadores. Será ajuizada ação civil pública em face do empregador e ele também deverá ser responsabilizado por meio de ação penal.

Foto: Divulgação/ MPT-BA