O plano do Japão de atacar os EUA com a peste bubônica durante a Segunda Guerra
A Segunda Guerra Mundial sem dúvidas foi um dos episódios mais tristes da história da humanidade. E talvez uma das passagens mais assustadoras deste período seja também um tanto quanto desconhecida por parte do público em geral. Estamos falando de um plano idealizado pelos japoneses, que tinha como objetivo o lançamento de uma arma biológica de destruição em massa nos Estados Unidos.
A ideia veio do microbiologista e general japonês Shiro Ishii, que propôs o lançamento de uma nuvem de pulgas infectadas com a peste bubônica, a mesma responsável por milhares de mortes na Europa durante o período conhecido como “A Grande Peste”, entre 1347 e 1351. E por mais que se trate de um plano cruel e desumano, que provocaria um dano incalculável, os japoneses já haviam provado que eram capazes de fazer isso.
Entre 1935 e 1945, no Japão, a chamada ‘Unidade 731’ realizou uma série de experimentos desumanos, letais e criminosos, com o objetivo de desenvolver armamentos biológicos de guerra. Durante um julgamento realizado em 1949, que culminou com a condenação por crime de guerra de 12 membros do Exército de Kwantung, foram revelados os detalhes sobre os planos envolvendo a utilização de pulgas infectadas. “As pulgas foram planejadas com o propósito de preservar os germes da praga, carregá-los e transmiti-los diretamente para seres humanos”, diz um dos relatórios da época.
A Unidade 731 nasceu alguns anos depois da Convenção de Genebra, que em 1925 baniu internacionalmente a produção de armamentos que envolvessem elementos biológicos. Para o Império Japonês da época, a proibição serviu apenas como combustível para a fabricação deste tipo de arma, já que ficou claro que o mundo temia o poder dela.
Durante os anos 1930, o Império Japonês detinha o controle de vastas áreas do território chinês, e foi justamente em uma delas, localizada na região de Harbin, que os japoneses cometeram uma das maiores atrocidades da sua história. Depois de expulsar centenas de famílias de oito vilarejos ao redor de Harbin, cientistas japoneses construíram um laboratório que, posteriormente, serviria como palco para pesquisa, experimentos e testes que facilmente se enquadram entre as atividades mais desumanas realizadas durante o século 20.
De acordo com registros da época, centenas de chineses foram expostos aos mais variados tipos experimentos cruéis e desumanos, incluindo exposição a gases tóxicos, tortura e até mesmo esquartejamento. Um dos médicos que trabalhou na Unidade 731, Takeo Wano, revelou à imprensa que certa vez chegou a ver um homem ser literalmente partido ao meio, para que seus restos mortais pudessem caber em uma espécie de jarro.
Mas foi em 1940 que a Unidade 731 começou a focar sua atenção nos armamentos biológicos. Em outubro daquele ano, os japoneses bombardearam a região de Ningbo, no leste da China, utilizando pulgas infectadas, de forma semelhante com o que era planejado para acontecer nos EUA. Qiu Mingxuan, epidemiologista que sobreviveu ao ataque e tinha cerca de 9 anos de idade na época, afirma que pelo menos 50 mil chineses inocentes morreram por conta dos bombardeios japoneses.
“Eu consigo lembrar até hoje do pânico entre as pessoas. Todos fecharam suas portas e estavam com medo de sair. Os estabelecimentos foram todos fechados, bem como as escolas. Em meados de dezembro, os aviões japoneses começaram a lançar bombas todos os dias. Nós não conseguimos manter a região em quarentena total. As pessoas fugiram para o interior, carregando consigo a praga”, lembra o sobrevivente.
A operação que previa o lançamento de bombas com armamento biológico nos EUA foi intitulada “Cherry Blossoms At Night”. A ideia era enviar pelo menos cinco submarinos I-400 através do Oceano Pacífico, cada um deles carregando três aviões Aichi M6A Seiran. Estas aeronaves estariam equipadas com uma grande quantidade pulgas infectadas com a bactéria causadora da peste bubônica. A partir da chegada destes aviões na costa dos EUA, pilotos kamikaze se encarregariam de espalhar as pulgas pelo país.
Felizmente, a operação Cherry Blossoms At Night tinha como data prevista de execução o dia 22 de setembro de 1945, porém o Japão acabou abandonando a guerra antes disso. Já em agosto de 1945, o Japão tentou destruir o máximo possível de evidências que apontassem para tal operação, porém a história resistiu ao tempo. Muito ainda se discute sobre o quão próximo da execução esteve este plano, mas o que se sabe é que ele foi rejeitado de forma veemente pelo General Hideki Tojo. Para Tojo, a derrota do Japão já era previsível em 1944, e lançar bombas biológicas nos EUA apenas aumentaria a retaliação dos americanos após o fim da guerra.
Muitos oficiais japoneses envolvidos na Unidade 731 sobreviveram ao fim da guerra, e viveram em paz até o fim de suas vidas. Hideki Tojo, que talvez tenha sido o principal homem por trás do veto desta operação, acabou por ser condenado à morte por crimes de guerra.
Com informações do misteriosdomundo.org
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