No país da corrupção, feriado inspira luto, não independência

Por Felipe Azevedo/Agência Miséria

No país da corrupção, feriado traz o sentimento de luto, não de independência (Foto: Reprodução/Internet)

 

O leitor provavelmente lê este texto no conforto de sua casa, aproveitando as boas horas do feriado, tranquilamente. Hoje é o Dia da Independência do Brasil, quando lembramos o grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga, movimento histórico que nos livrou dos comandos portugueses.

Há, porém, tantos motivos reais para se comemorar? Na última terça, 5, foi descoberto em Salvador, dentro de um apartamento ligado ao ex-ministro de Temer Geddel Vieira Lima, R$ 51 milhões em dinheiro vivo. Sete máquinas ajudaram a contar as notas.

Ontem, dia 6, Antônio Palocci, cacique velho da política brasileira, delatou que a cúpula de um dos partidos mais populares do país era também cabeça em um esquema milionário de corrupção, incluindo, é claro, os ex-presidentes Lula e Dilma.

Não bastasse, os bandidos confessos donos da gigante JBS, soltaram as gravações nas quais os nomes de ministros do Supremo Tribunal Federal estariam comprometidos em supostas relações ilícitas – daquelas que pouco se espera da Suprema Corte, no mínimo.

Enquanto diversas fanfarras marcham e batucam às ruas do país, enquanto, sob o sol do feriado, os chefes de governo observam soldados desfilando de coturno engraxado, o Brasil afunda minuto a minuto no mar de ambições dos seus governantes, de onde provavelmente não sairá nas próximas décadas.

Em um país cujo noticiário coleciona denúncias e provas concretas de roubo do dinheiro das escolas e hospitais, em uma nação onde é razoável imaginar um juiz da mais alta corte distribuindo habeas corpus como se fosse panfleto no semáforo, o único sentimento nacional neste 7 de setembro é, se não mais silencioso, o luto.

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