Nitrato de amônio pode ser comprado facilmente e já foi usado em assalto na Bahia
Principal ‘suspeito’ de ter sido a substância responsável pela grande explosão ocorrida em Beirute, capital do Líbano, na terça-feira (8), o nitrato de amônio é usado principalmente na agricultura e na produção de explosivos.
Segundo as autoridades locais, 2.750 toneladas do composto estavam armazenados sem a segurança necessária no galpão que explodiu, destruindo toda a região portuária da capital libanesa. O presidente do país, Michel Aoun, chegou a dizer que era inaceitável uma estocagem realizada daquela maneira.
O nitrato de amônio em si não é uma substância perigosa. Considerada estável, ela precisa de uma fonte de calor superior a 300 ºC para causar a sua ignição e, após realizada, pode ser devastadora.
Here's a video of the moments following the initial explosion in Beirut before the massive second blast. Appears to be either munitions or fireworks. https://t.co/BPLRi4Nrvs
— Ian Miles Cheong (@stillgray) August 4, 2020
A more clear view of the explosion. #beirut pic.twitter.com/74NgZWvRL0
— among.the.roses (@amongtherosess) August 4, 2020
O professor de Química do Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia da Bahia (Ifba), Valter Gomes, realizou um cálculo apontando que, após detonada, as 2.750 toneladas da substância liberaram, instantaneamente, 2 bilhões de litros de gás, causando devastação num raio de 15 quilômetros.
Ainda não se sabe o que gerou a explosão, mas o professor suspeita de um incêndio primário que estava ocorrendo no local, cuja temperatura pode ter facilmente superado os 300 ºC.
“Ao ver a cor da fumaça deste primeiro incêndio é possível notar que ela não é vermelha, ou seja, o nitrato de amônio ainda não estava em combustão. Ao ser atingido, o nitrato liberou essa energia toda em uma fração de segundos, causando a explosão”, explica o professor.
Gomes também explica que esse composto é facilmente encontrado por ser um insumo agrícola amplamente utilizado. “Até por isso ele é muito usado por terroristas e assaltantes, por ser barato e, se manuseado na forma correta, gerar uma enorme explosão”, explica.
Em 2018, por exemplo, um grupo criminoso utilizou o nitrato de amônio para explodir e assaltar uma empresa de valores em Eunápolis, no Sul da Bahia. Um vigilante da empresa foi morto graças ao impacto da explosão.
O grupo deixou um rastro de destruição na cidade, com vidraças de lojas do comércio destruídas com o uso do nitrato de amônio.
Por conta do potencial explosivo, o controle do nitrato de amônio no Brasil é feito pelo Exército, que define as condições de transporte, manipulação e armazenamento do produto. O CORREIO tentou buscar informações junto à Força Armada sobre como ocorre o monitoramento da substância na Bahia, mas até a publicação da reportagem ainda não havia obtido esse posiciomento.
Com informações do Correio da Bahia
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