MP denuncia PMs envolvidos em ação dentro de banco em que cliente levou ‘mata-leão’
O Ministério Publico da Bahia (MP-BA) denunciou à Justiça, por abuso de autoridade e constrangimento ilegal, quatro policiais envolvidos na ação ocorrida dentro de uma agência bancária de Salvador em que um cliente levou um ‘mata-leão’. A agressão ocorreu durante uma confusão dentro da unidade após o cliente reclamar da demora para atendimento, em fevereiro de 2019.
A denúncia foi oferecida na segunda-feira (4), segundo informou, nesta quinta (7), a assessoria de comunicação do órgão.
O gerente da agência, que teria acionado os policiais para conter o cliente, o comerciante Crispim Terral de Souza, já foi denunciado pelo MP-BA pelo crime de discriminação racial, em outubro. Segundo denúncia, suspeito chamou vítima de ‘esse tipo de gente’, ‘supostamente se referindo à raça/cor da vítima’, e exigiu que o comerciante fosse algemado. O caso ocorreu em 19 de fevereiro, no bairro do Dois de Julho.
Na época, a vítima usou as redes sociais para denunciar a situação, com um vídeo mostrando a agressão. Após a repercussão, o gerente foi afastado pela Caixa Econômica.
Caso
Conforme a denúncia, as investigações policiais apontam que a situação começou depois que a vítima procurou pelo gerente, João Paulo Vieira Barreto, para cobrar atendimento após 6h de espera.
Na ocasião, segundo a denúncia, o gerente geral acionou o setor de segurança privada para retirar o cliente do estabelecimento. Depois, a Polícia Militar também compareceu à agência e propôs ao gerente que ele e o cliente se dirigissem até a delegacia da região.
Neste momento, segundo a denúncia, João Paulo teria afirmado que não fazia acordo com “esse tipo de gente”, “supostamente se referindo à raça/cor da vítima”, e logo após teria afirmado que somente iria à delegacia, se Crispim Terral saísse algemado da agência.
Ainda conforme a denúncia, após o “mata-leão”, a vítima foi retirada da agência pelos policiais militares, e o suspeito foi embora sem se dirigir à delegacia.
Na denúncia, a promotora do caso, Lívia Vaz, afirma que o “acusado praticou discriminação racial, ao conferir tratamento discriminatório à vítima, que, além de ter sido tratada de forma diferenciada em relação aos demais clientes da agência, foi apontado como ‘esse tipo de gente’ pelo denunciado, que exigiu que os policiais algemassem Crispim, ainda que este não tenha cometido qualquer delito”.
De acordo com o MP, o texto contra João Paulo foi encaminhado para a Justiça no dia 11 de outubro. O caso ainda está em avaliação.
Em nota, a Caixa Econômica informou que repudia quaisquer práticas e atitudes de discriminação contra qualquer pessoa. Em relação à denúncia, a assessoria da Caixa disse que não teve acesso ao teor do documento e por isso não iria se manifestar sobre o tema.
O banco informou ainda que está à disposição da Justiça e que, a partir da denúncia do Ministério Público da Bahia, vai prestar todos os esclarecimentos necessários sobre o atendimento realizado pelo empregado.
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