Motorista de aplicativo é esfaqueada em assalto durante corrida

Por Correio da Bahia

Lohanne Nouara Lima, 23 anos, foi esfaqueada em várias partes do corpo (Foto: Reprodução)

A fisioterapeuta e motorista de aplicativo Lohanne Nouara Lima, 23 anos, foi esfaqueada em várias partes do corpo após conduzir dois passageiros por meio do aplicativo de transporte 99 POP, na noite desta quarta-feira (28), no bairro de Brotas, em Salvador. A vítima foi socorrida por uma amiga até o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por uma cirurgia na mão e permanece internada em observação.

Segundo a amiga que deu socorro à fisioterapeuta, a estudante de psicologia Kennya Monteiro, 22, Lohanne Nouara é natural de Teresina, no Piauí, e está em Salvador há cerca de um ano e meio. Embora atue como fisioterapeuta na capital, a vítima costuma rodar o 99 POP e o Uber com o próprio carro, um Fiat Uno, para complementar a renda.

Kennya contou ao que a amiga havia acabado de deixar ela na faculdade, no Comércio, quando iniciou a rodar. “Ela me largou na aula, era por volta de 18h50. Quando foi, mais ou menos, 19h30, me ligou e disse: ‘estou sangrando, levaram meu celular e me deram algumas facadas, mas não sei onde’. Eu fiquei nervosa, mas continuei conversando para tranquilizar ela”, lembra.

Lohanne contou à amiga que aceitou a corrida de uma mulher, na Avenida D. João VI, em Brotas, com destino à região do Posto Ipiranga, na mesma avenida. A vítima, então, ligou para a passageira para confirmar a corrida. “A mulher atendeu e disse que, na verdade, não era para ela, e sim para dois rapazes. Ela encontrou os rapazes. Um sentou no carona e o outro no fundo”, conta.

“Ela me disse que, em minutos, eles pediram para ela descer uma rua sentido a Unidade de Terapia Intensiva de Brotas, uma que dá acesso à Bonocô. Foi então que, sem sequer anunciarem o assalto, um deles deu um a gravata e o da frente já começou a esfaquear ela”, relatou Kennya, acrescentando que a amiga só entrou em contato ao recobrar a consciência, minutos depois, já após os bandidos fugirem. A vítima contou a Kennya que eram dois homens jovens.

Ainda de acordo com a estudante, Lohanne dirigiu até o Comércio para chegar até ela. “Mesmo ferida, ela chegou lá em 20 minutos. Eu assumi a direção e, então, levei ela pro Hospital Roberto Santos, onde negaram atendimento. Disseram que deveríamos vir para o HGE, que é referência em traumas. Já era por volta de 21h quando chegamos aqui”, contou Kennya ao CORREIO.

Embora não seja Salvador, Lohanne nunca teve medo de dirigir na cidade, de acordo com a amiga. “Eu sou daqui e ela conhece Salvador mais do que eu. Ela nunca teve medo, mas agora está traumatizada, ela está muito assustada e eu também. Minha ficha ainda não caiu”, completou a estudante, acrescentando que a vítima morava no bairro de Tancredo Neves.

99 POP
Conforme o coordenador de comunicação da Associação dos Motoristas Profissionais por Aplicativo do Estado da Bahia (Ampaba), Cláudio Sena, que esteve com outros motoristas no HGE para prestar apoio à vítima, contou que Lohanne rodava com o aplicativo 99 POP no momento do crime.

Cláudio confirmou que a corrida foi solicitada na Avenida Aristides Matez e que Lohanne chegou a ligar para a mulher que solicitou. “Geralmente, a gente liga. Ela contou que chegou a ouvir a voz, falar com a mulher. Mas, na hora, não tinha mulher nenhuma. Infelizmente, são coisas que acontecem diariamente”, relata.

“O importante é que ela está bem, consciente e recebendo cuidados médicos. O que aconteceu é que ela aceitou uma corrida por dinheiro, e é esse é um dos maiores problemas de quem dirige hoje o aplicativo. A Uber corrigiu, eu diria, 100% essa questão quanto à segurança. O POP, infelizmente, não oferece nenhuma segurança ao motorista neste sentido”, completou Cláudio.

Ainda conforme o representante dos motoristas, a média de assaltos contra motoristas do POP é superior ao registrado contra quem roda no Uber. “Enquanto temos dez assaltos no POP, apenas um é registrado no Uber. Porque eles corrigiram esse problema. Hoje é necessário o CPF para a viagem solicitada com o dinheiro, o que não há no POP”, explica.

O CORREIO entrou em contato com a 99 POP mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O crime vai ser investigado pela 6ª Delegacia (Brotas).

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