Menina trans é impedida de participar de campeonato de patinação e pais entram na Justiça
A atleta Maria Joaquina Cavalcanti Reikdall, de 11 anos, conseguiu, através de liminar, garantir a sua participação no Campeonato Sul-Americano de Patinação Artística, que ocorre até o dia 30 de abril em Joinville (SC). A menina é uma criança transexual e tinha sido impedida de competir na categoria internacional, mesmo tendo ficado em segundo lugar no campeonato brasileiro, o que lhe daria a vaga automática na disputa sul-americana.
Ela não foi convocada por ser uma criança transgênero. Diante disso, seus pais recorreram à Justiça e conseguiram a decisão liminar favorável do Tribunal de Justiça de São Paulo.
O pai de Maria Joaquina, Gustavo Uchoa Cavalcanti, 37 anos, contou que, depois da filha se classificar na etapa nacional, ele recebeu um e-mail da Confederação Brasileira informado que ela não poderia competir na esfera internacional entre as meninas. “A regra previa classificação automática para a competição internacional para os cinco primeiros colocados. Maria Joaquina ficou em segundo lugar e não foi convocada. Imaginei que a Confederação Brasileira, ao autorizar sua participação na competição nacional, teria comunicado a Confederação Sul-Americana da sua inscrição”, disse Carvalho à Veja. Ele procurou a instituição em busca de esclarecimentos.
Como resposta, a Confederação Sul-Americana informou que as inscrições dos atletas são baseadas no sexo de nascimento, cujos documentos de identidade confirmem a que categoria pertencem: registro de identidade masculino, categoria masculina; registro de identidade feminino, categoria feminina. Ressaltou que “tal conceito não é passível de contestação”. O processo de mudança do nome de Maria Joaquina está na Justiça desde o ano passado, ainda sem decisão.
A participação de atletas transexuais femininas ainda é polêmica no mundo esportivo porque essas pessoas teriam níveis mais altos de testosterona no organismo, o que poderia dar vantagens físicas sobre as outras meninas. “Maria Joaquina ainda é uma criança. Ela é acompanhada frequentemente por um endocrinologista, que faz as medições das taxas hormonais. Maria Joaquina tem 0,5 nmol/l de testosterona no sangue, enquanto a irmã mais nova dela, Talia, tem 0,7 nmol/l”, garante Cavalvanti.
Por BNews