Início Camaçari Matense luta por Justiça após dois anos da tragédia da Pague Menos

Matense luta por Justiça após dois anos da tragédia da Pague Menos

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Léo Estrela, sobrinho e afilhado das vítimas da tragédia da Pague Menos (Foto: Mais Região)

Os sorrisos, alegrias e cuidados são as lembranças que Uelisson Santos, mais conhecido com Léo Estrela, tem da tia e mãe de criação Rosiane dos Santos, 35 anos, e da madrinha Denilda de Jesus Puridade, 36 anos – as matenses vítimas da tragédia da farmácia Pague Menos, em Camaçari. Nesta sexta-feira (23), o incêndio, que vitimou 10 pessoas entre elas funcionários e clientes, completa dois anos e as famílias das vítimas aguardam julgamento.

Em entrevista a reportagem do Mais Região, Léo Estrela contou um pouco da convivência que tinha com Rosiane. “Ela era minha mãe de criação. Tínhamos uma relação maravilhosa, conversamos diariamente, tanto que no dia que ocorreu o incêndio, ela me enviou um áudio bem cedo dizendo que iria rápido em Camaçari resolver umas coisas”, conta Léo.

Denilda de Jesus Puridade e Rosiane dos Santos – Foto: Reprodução

Conforme Léo o sentimento de ambas famílias é de impotência e impunidade. “Se uma coisa temos a certeza é que mesmo diante da morosidade do processo permaneceremos firmes na ação para que os responsáveis sejam condenados e as famílias das vítimas sejam indenizadas”, ressalta.

Roseane trabalhava como agente de Saúde da Família e Denilda era recepcionista no Hospital Municipal de Mata de São João.

Justiça

Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) a ação penal determinou que cinco dos oito denunciados viraram réus. São eles: Augusto Alves Pereira (gerente regional da Pague Menos); Maria Rita Santos Sampaio (gerente da farmácia incendiada); Erick Bezerra Chianca (sócio da empresa de manutenção Chianca); Rafael Fabrício Nascimento de Almeida (sócio da empresa de manutenção AR Empreendimentos); e Luciano Santos Silva (técnico em refrigeração pela AR Empreendimento). Todos respondem em liberdade.

Em nota, o TJ informou que no dia 5 de dezembro será realizada na Vara do Júri e Execuções Penais em Camaçari, uma audiência para ouvir o gerente regional da Pague Menos, Augusto Alves. Na mesma nota, o juiz rejeita a absolvição sumária e imputa ao gerente da unidade a participação na consumação e tentativa de homicídio, pois o mesmo esteve no local e autorizou as intervenções e início da reforma, mas omitiu –se sobre o fechamento da farmácia durante as obras.

Pague Menos

Segundo Léo, as famílias das vítimas não receberam o apoio de assistência médica, psicológica e material da Pague Menos. “Eu vi muita negligência e ganância. Ao contrário do que a farmácia diz, nunca recebemos nem sequer uma ligação ou acompanhamento durante e depois do ocorrido. No dia do reconhecimento dos corpos, a gerência nos deu um telefone para que a famílias entrasse em contato, o número nem chamava”, destaca.

Hoje, a família de Léo, mesmo abalada com a forma trágica que as matenses morreram, luta para que os culpados sejam condenados e pague pelo crime. “Continuaremos na luta, chamando a atenção das autoridades, pois essas mortes não serão esquecidas”, conclui.

A reportagem do Mais Região tentou contato com a rede Pague Menos, mas não obteve êxito até a publicação desta matéria.

Tragédia

O desespero tomou conta da Avenida Getúlio Vargas, no centro de Camaçari. Um incêndio, para a polícia previsível, atingiu a filial de número 249 da rede de farmácias Pague Menos. Uma tarde angustiante, que acabou em luto, diante de 10 mortes.

Celine Pires Souza Castro, 9 anos; Lidiane Macedo Silva, 33 anos; Tatiane Ribeiro Mendes, 34 anos; Rosiane dos Santos, 35 anos; Denilda de Jesus Puridade, 36 anos; Luciane Alves Santos, 38 anos; Cristiana do Nascimento Souza, 39 anos; Vilma Conceição Santos, 40 anos; Idália Simão dos Reis, 58 anos; Maria do Carmo Santos de Menezes, 71 anos.

O incêndio atingiu o local por volta das 13h50 – Foto: Reprodução

O incêndio atingiu o local por volta das 13h50. Segundo testemunhas que trabalhavam na região próxima à farmácia, o fogo teria sido causado pela explosão de um botijão de gás que estava no interior do estabelecimento.

Após a explosão, o teto do imóvel teria caído e atingido clientes e funcionários da farmácia.

Após investigações, Polícia Civil indiciou as oito pessoas. Três delas integravam a rede de farmácias e as outras estavam vinculadas a empresas terceirizadas (AR Empreendimentos) e ‘quarteirizada’ (Chianca), que faziam reparos no estabelecimento.

O local foi reaberto e atualmente funciona uma loja de eletrodomésticos.