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Justiça mantém em casa mulher que, junto com o marido, estuprava e filmava sexo com as filhas em Salvador; acusada está grávida

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A juíza Gelzi Maria Almeida Souza, do Tribunal de Justiça da Bahia, manteve, no último dia 5 de agosto, a prisão domiciliar de Analice de Jesus dos Santos. Ela é acusada de, junto com o marido, Jacson Santos Pereira, estuprar as próprias filha e enteada. O caso foi denunciado pela reportagem do Aratu On em novembro de 2020.

“Estando ausente qualquer fato novo que venha demonstrar a desnecessidade da medida constritiva imposta, subsiste a necessidade da prisão domiciliar para garantia da ordem pública e da conveniência da instrução criminal, razão pela qual mantenho a prisão domiciliar de Analice de Jesus”, escreveu a magistrada em um trecho da decisão.

Por ironia, Analice está grávida, o que foi um dos motivos para sua estadia no Complexo da Mata Escura, em Salvador, durar pouco mais de dois meses. “Através da Defensoria Pública, Analice alegou encontrar-se no derradeiro terço da gestação, requerendo a substituição da prisão preventiva por custódia domiciliar, contemplando autorização para continuar realizando o pré-natal”, detalhou a juíza.

Jacson continua preso. Ele e Analice respondem por provocar aborto em terceiro, por estupro e prática de atos libidinosos. Além disso, são investigados por “produzir ou dirigir representação teatral, televisiva, cinematográfica, atividade fotográfica ou de qualquer outro meio visual, utilizando-se de criança ou adolescente em cena pornográfica”.

Em 2020, a reportagem do Aratu On denunciou que as filhas do casal, além de serem estupradas, eram filmadas. De acordo com o novo documento judicial, um pendrive contendo esses arquivos, já foram remetidos para análise.

CASO

Jacson e Analice foram reconhecidos após a reportagem ir ao ar, em novembro. Dias depois, a dupla foi localizada no município de Itaberaba, na região da Chapada Diamantina.

Os crimes aconteciam na casa onde a família morava, no bairro do Lobato. Amanda*, que hoje tem 17 anos, voltou a viver com a mãe há cerca de dois anos, mas não conseguia denunciar os abusos cometido pelo próprio pai. “Eu tenho um namorado e não conseguia ter relações com ele, porque eu me sentia estranha. Ele perguntava e eu tinha medo de contar. Um dia, eu falei. Ele me prometeu que não iria contar pra ninguém, mas quando soube do ocorrido, me incentivou a contar pra minha mãe e procurar a polícia”, relata a filha de Jacson Santos.

A mãe dela, Girlene da Anunciação de Jesus, foi quem denúnciou à polícia e contou ao pai de Carol*, hoje com 15 anos, o que acontecia. A meio-irmã não sabia, mas a mais nova continuava sendo abusada pelo padrasto e pela mãe, tendo sofrido um aborto no começo de 2019.

Ao tomar conhecimento do crime, o gari Alessandro Pereira Santos trouxe a filha para morar com ele. “Eu perdi o chão [quando recebeu a notícia], sendo sincero. Você criar filho para marginal fazer o que bem quiser e achar que vai ficar por isso mesmo, não vai ficar. A mãe dela fez isso e não vai ficar assim”, desabafou o pai.

As meninas contam, em detalhes, como tudo aconteceu. “Na primeira vez, ele disse que iria me ensinar como fazia e mandou a minha irmã mais nova fazer sexo oral nele. Depois, disse que era minha vez, mas eu não entendi”, lembra Amanda. O suspeito lhe dava presentes, como celulares caros, e ela não entendia o que acontecia. “Eu sentia amor de pai por ele. Hoje em dia, isso dói demais em mim e me arrependo de ter desobedecido minha mãe, porque eu sentia muito amor por meu pai. Depois que perdi a virgindade com ele [Jacson], foi à minha casa, disse que eu tinha me ‘perdido’ com um menino, só que era mentira. Minha mãe disse que não tinha visto nenhum namorado meu. Eu me sentia triste demais. Quase entro em depressão”, conta.

Apenas quando fez 15 anos teve coragem de voltar para a casa da mãe, apesar das ameaças que sofria. Ela conta que sua mãe adotiva, Analice, dizia que coisas ruins aconteceriam com Jackson caso ela contasse para alguém, o que fez com que ela tentasse apagar as memórias e evitar o assunto.

Carol, inclusive, já havia tentando suicídio. O pai biológico dela, Alessandro, conta que ficou assustado e perguntou várias vezes a filha o que a levara a tomar veneno, mas ela desconversava e dizia sentir ciúmes dele, por ter outro filho. “Me relacionei com minha mãe, minha irmã e com Jacson ao mesmo tempo. Todo mundo junto”, lembra ela.

Foi Carol, também, que engravidou do padrasto. “É estranho. Eu vinha enjoando, enjoando e minha mãe comprou um teste. Me levou para fazer um ultrassom e o bebê tinha dois meses. Ele comprou uma ‘garrafada’ e não resolveu. Depois de uma semana, ele comprou remédios para aborto. Colocou seis em mim. Depois, o feto desceu já grande”, contou.
* Carol e Amanda são nomes fictícios para não expor as vítimas;
* Todas as pessoas que aparecem na reportagem autorizaram a utilização de suas imagens.

Com informações do Aratu ON