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Hollyfield se diz pronto para a guerra contra Todo Duro

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Reginaldo Andrade é um provocador. E não apenas no sentido comumente usado para os lutadores de boxe, com as tradicionais falácias para intimidar o adversário. Isso, ele também faz muito bem. Mas, figura cativante que é, o ‘Hollyfield’ provoca muito mais ao seu redor: riso, compaixão, amizade, admiração.

Dessa vez, o baiano de 49 anos quer superar limites. Há quatro anos, quando teve os braços e pernas queimados gravemente num incêndio na casa da família, ninguém imaginava que poderia voltar a lutar. Nem ele. Neste domingo, 9, porém, desembarcará em Recife. Vai enfrentar, na terça-feira, o seu eterno rival, Luciano ‘Todo Duro’ Torres.

Será o tira-teima entre ele e o pernambucano, com quem protagonizou duelos épicos nos anos 1990 e criou uma das rivalidades mais icônicas do boxe nacional. Cada um tem três vitórias. A luta de terça e a provável revanche, com data a confirmar, em Salvador, serão – como prometem – os últimos duelos da carreira de ambos.

As sequelas do incêndio, quando salvou dois sobrinhos, estão evidentes. “Ele não gosta de falar sobre isso, mas as mãos ficaram rígidas e as pernas, desfiguradas”, conta seu empresário, Charles Nascimento. A perna mais prejudicada foi a esquerda, que teve de passar por um enxerto de pele retirado da coxa. Por conta dela, Holly tem um leve problema de locomoção.

Para se reerguer, Reginaldo teve ajuda. A mais significativa veio do programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo, do qual faturou R$ 25 mil em móveis e R$ 25 mil em dinheiro. Dessa quantia, o pugilista diz não ter guardado nada.

Mais tarde conseguiu, através do deputado estadual Roberto Carlos (PDT), um emprego em Filadélfia, no Norte do estado, onde morou até o começo deste ano. Desde janeiro, trabalha no gabinete do político. No entanto, fala que a renda não dá para sustentar a carreira de atleta. “É uma ajuda boa, sustenta minha família, mas não dá para tudo, não”, diz.

Sem patrocínio

Por isso, segundo o pugilista, o que mais o atrapalha são as dificuldades financeiras. Hollyfield reclama de não ter conseguido qualquer patrocínio para a luta. Tudo o que conseguiu veio através da amizade. O material esportivo, como luvas, protetor bucal, capacetes, todos caros, vieram de doações de amigos comerciantes.

Treinou em três academias, todas de colegas de ringues. No seu ‘córner’, formado por três pessoas – o treinador Edmar ‘Popeye’, o preparador físico Tiany Rebouças e o sparring Sérgio ‘Pestinha’ -, todos são voluntários. “Voluntários, vírgula. Pra eles é muito bom ter o nome associado ao campeão Hollyfield”, argumenta Charles.

O agente garante que ninguém, nem ele, ganhará dinheiro com a luta. Segundo Charles, o combate pagará R$ 25 mil de bolsa ao baiano. Ele, aliás, se considera o grande benfeitor de Hollyfield. É a ele que o pugilista recorre para conseguir as doações de material, dinheiro para transporte, alimentação, um quarto para dormir, usar o celular… Ou seja, um pouco de tudo. “A equipe dele, na verdade, sou eu. Quando ele precisa de um suplemento, de um lugar para treinar, quem dá um jeito sou eu”, conta. “Nunca ganhei um tostão do ‘Negão’. Até porque ele não tem nada para me oferecer”.

Apesar das dificuldades que admite ter – financeiras ou motoras -, o boxeador se diz “pronto para a guerra”. Conseguiu isso, segundo o próprio, de um jeito simples: sendo ele mesmo. “É por isso que eu sou Hollyfield, rapaz, porque eu sou radical durante o treinamento. Ele me faz ser o que eu sou. Eu não sou Hollyfield porque eu sou bonitinho, não. Vê aí se eu tenho cara de menino bonitinho! A galera vê o negão aqui e diz: ‘é o cara’, ‘o bicho’, ‘o brabo’. Eu sou competente. Meus adversários têm que ter medo de mim”.

Empresário quer tornar holly vereador em 2016

“Penso politicamente. Quero fazer dele vereador e serei seu assessor. A aposentadoria está perto e ele precisa pensar no que fazer”, diz Charles. Holly concorreu ao cargo pelo PDT em 2012, mas não se elegeu.

 

*Ag. A TARDE / Fotos: Raul Spinassé