Primo da vítima garantiu que taxista não dirigia mais táxi do permissionário; vítima e suspeito marcaram encontro
Taxista há 20 anos, o auxiliar Alexandro Rocha Souza, 40, já havia se queixado à família sobre as dificuldades que enfrentava com a ‘queda da praça’. Independentemente do que conseguisse de renda diária, o aluguel semanal precisava ser honrado: R$ 350, pagos sempre às segundas-feiras. Apesar do hábito, ao chegar na fila do Campo Grande, nesta terça-feira (20), Alexandro foi assassinado a tiros.
A Polícia Civil informou que o autor do crime, identificado apenas como Washington, era permissionário da vítima, mas que os dois não possuíam mais um contrato de trabalho. A versão da família do taxista morto concorda com o que é apontado pela polícia. Os familiares afirmam que ele não devia nada ao suspeito – para quem trabalhou por cerca de três meses.
Em contato com o CORREIO, um primo de Alexandro, que preferiu não se identificar, disse que o taxista foi até o Campo Grande no final da noite de terça-feira porque tinha um encontro marcado com o suspeito de cometer o crime. De acordo com o familiar, no entanto, eles não tinham mais vínculo algum.
“Ele não devia nada. Só que o cara começou a ameaçar ele e a família, queria que ele pagasse multas e aluguéis referentes à apreensão do veículo, que já nem estava mais sob a responsabilidade de Alexandro”, revelou o familiar, ao informar que o carro em questão, um Volkswagen Voyage, que foi utilizado na fuga de Washington.
O primo da vítima afirmou que, atualmente, Alexandro trabalhava com um Chevrolet Corsa, de propriedade de um outro homem.
“A confusão começou cedo, por telefone, por isso ele preferiu encontrar pessoalmente. Mas aí acabou nisso. Várias pessoas devem ter visto como tudo aconteceu, viram ele atirar, ele está foragido”. Procurada, a Polícia Civil não confirmou a autoria do crime e disse que não tem informações além das que já foram divulgadas.
O CORREIO esteve no local do crime na manhã desta quarta-feira (21), onde taxistas ainda repercutiam o assunto. Alexandro não costumava rodar na fila do Campo Grande, mas Washington, de acordo com os motoristas da fila, é conhecido por todos.
“A gente ficou chocado, principalmente porque ele [o suspeito] é um cara gente boa, muito tranquilo. Deve ter sido o momento”, disse um deles, que não soube explicar, no entanto, se andar armado era um hábito de Washington.
Desentendimento
A família da vítima explicou à reportagem que Alexandro, que era pai de uma jovem de 23 anos, chegou a assinar um documento de quitação total dos aluguéis e que, inclusive, cortou o negócio com Washington depois que o carro foi apreendido, há cerca de um mês, durante vistoria anual da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob).
Sem os documentos necessários atualizados, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o Voyage ficou inapto a rodar na cidade e acabou levado para o pátio do Departamento de Trânsito (Detran), onde há diárias estabelecidas que variam de acordo com o veículo, pelo tempo que dure a apreensão.
“Essa dívida nunca existiu, porque quem assume as dívidas é o proprietário, afinal, a documentação não estava em dia por causa dele”, reforçou o familiar.
O CORREIO não conseguiu calcular o valor que corresponderia ao total de multas, já que não há a confirmação, pela Polícia Civil, do suspeito e proprietário do veículo.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que militares do 18 º Batalhão da Polícia Militar (BPM/Centro Histórico) foram informados que um homem havia sido vítima de disparos. No local, ainda conforme a corporação, testemunhas afirmaram que “após uma discussão, um indivíduo sacou uma arma e disparou contra a vítima, que não resistiu aos ferimentos”.
“Em seguida, a guarnição da PM isolou a área e solicitou os agentes do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para remoção. Em apoio à ocorrência, outra guarnição da unidade realizou rondas na região no intuito de prender o autor dos disparos, que fugiu em um veículo não identificado”, completou a PM.
Conforme o CORREIO apurou junto à perícia do DPT, Alexandro foi vítima de três tiros. Morador de Brotas, o taxista deixa, além da filha, uma namorada. O corpo do auxiliar será enterrado nesta quinta-feira (22), às 10h, no Cemitério Campo Santo, na Federação.
Com informações do Correio da Bahia