Família busca ex-cobrador raptado por homens encapuzados em Salvador

Por Correio da Bahia

Reginaldo dos Santos Araújo, desaparecido desde o último domingo (25) (Foto: Fernanda Lima | CORREIO)

Do bolso, Ademir retira o celular que rompe o silêncio da sua ansiedade, visível no rosto cansado, e atende à ligação. Mal cumprimenta o sobrinho, dá a notícia, o motivo da inquietação: “Reginho sumiu. Desde segunda-feira que eu ando atrás dele”. Reginho, outro sobrinho, é Reginaldo dos Santos Araújo, 33 anos, desaparecido desde a madrugada do último domingo (25). Segundo testemunhas, o ex-cobrador de ônibus foi retirado da casa onde mora à força, em Capelinha de São Caetano, e empurrado por homens encapuzados até um carro.

O paradeiro de Reginaldo é um mistério para todos. Também a resposta para quem são os invasores de sua casa, onde mora sozinho, em plena madrugada. As únicas pistas do caso dizem pouco a amigos e parentes. O que sabem é que os suspeitos levaram a televisão, o video-game, o Home Theater e perfumes de Reginaldo. E que um amigo chegou a falar ao telefone com um dos encapuzados ao ligar para o telefone de Reginaldo.

“Mas, quando ele atendeu, só respondeu: ‘Você é advogado? Tem dinheiro? Vou levar [Reginaldo] para delegacia’”, relatou. Por que levar para delegacia ninguém entende, já que Reginaldo, segundo a família, não tinha passagens pela polícia. Seis dias depois, o carro não retornou, nem Reginaldo deu notícias à família, que mora no bairro de Valéria.

Os pais pais e o tio, aposentado de 66 anos, empreenderam, então, uma busca quase diária. O tio, inclusive, foi neste sábado (31), ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), tentar descobrir o desfecho da história. Não conseguiu.“Não tem nada aqui, fiquei até preocupado porque recebi uma ligação de que tinham chegado corpos no IML. Mas nenhum corpo que chegou aqui é o dele”, conta ele.

Na delegacia onde registrou o desaparecimento, a 4ª Delegacia Territorial, em São Caetano, o tio foi avisado de que voltasse na segunda-feira (2), quando os investigadores poderiam ter alguma atualização do caso. Lá, Reginaldo não estava. E quem poderia ter falado com o amigo de Reginaldo? “Que eu saiba ele não tinha desentendimento com ninguém. Todo mundo adora ele”, responde Ademir. Acionada, a delegacia não atendeu à ligação da reportagem.

No dia em que foi tirado de casa, Reginaldo já completava mais de cinco anos desempregado. Do último trabalho, como cobrador de ônibus, saiu no dia 13 de janeiro de 2013. A família, no entanto, desconhece um possível envolvimento de Reginaldo com o crime. “A gente não tinha a convivência diária, a família toda mora em Dom Avelar. O que eu sei é que todo mundo gosta dele”, reafirma o tio.

Na próxima semana, ele deve ir ao Ministério Público tentar conseguir a autorização para ver os extratos bancários de Reginaldo e, assim, descobrir o paradeiro do sobrinho. “A gente está tentando muito ver se acha ele”, desabafa.

No IML, tio de Reginaldo mostra foto do sobrinho desaparecido (Foto: Fernanda Lima | CORREIO)

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