Escola estadual de Catu apresenta documentário antirracista realizado com recursos do Edital Jorge Conceição, da Sepromi
Durante todo o ano de 2022, os estudantes do Colégio Estadual Maria Isabel de Melo Góes (Cemimg), em Catu, na região Agreste de Alagoinhas, participaram de diversas ações de educação e pesquisa voltados para o conhecimento da África, dos afrodescendentes e para o combate ao racismo. Entre viagens, cine-debates, atendimentos psicológicos e outras iniciativas, os processos foram registrados no documentário “Nupea: caminhos de resistência no Cemimg”, apresentado nesta sexta-feira (18) no Clube dos Empregados da Petrobras (Cepe). O projeto teve o objetivo de inserir o ambiente de ensino como espaço de resistência e foi realizado com recurso oriundo do Edital Jorge Conceição, lançado em 2021, pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), e executado este ano.
A secretária da Sepromi, Fabya Reis, comemorou o sucesso da iniciativa. “Estamos colhendo os frutos do Edital Jorge Conceição, que investiu o volume considerável de R$ 6 milhões na Rede Estadual para fortalecer a implementação da Lei 10.639, que é justamente o ensino da história da África e afro-brasileira, e também da Lei 11.645, com o estudo sobre os povos originários”.
As inscrições para o edital foram abertas para toda a rede. “As escolas puderam inscrever projetos que contemplassem professores, alunos e a comunidade no entorno. Com a experiência de Catu, vamos poder ver esse videodocumentário, resultado de um conjunto de atividades que todos os alunos realizaram junto com a direção. Isso coloca no calendário da Educação, durante todo o ano uma educação antirracista, a educação para as relações étnico raciai. Isso é sem dúvida uma ferramenta muito importante para superar o racismo estrutural em nosso Estado e em nosso País”, frisou.
O superintendente de Políticas para a Educação Básica da Secretaria da Educação (SEC), Manoel Calazans, informa que 92 escolas se inscreveram no Edital Jorge Conceição, das quais 43 foram selecionadas. “A gente não pode esquecer que a Bahia tem uma densidade de afrodescendentes gigantesca, isso tem que ser valorizado, isso tem que ser puxado para o protagonismo da escola. Não é só uma ideia de colaborar, é uma ideia de fazer parte, de pertencimento. E aí nesse sentido a gente louva essa iniciativa, parabeniza todas as escolas que foram premiadas e que fizeram a inscrição no nosso edital. Mas, neste momento, de forma muito especial, toda essa experiência exitosa do Colégio Estadual Maria Isabel de Melo Góes”.
Comunidade escolar
O diretor da escola Maria Isabel de Melo Góes, Delmaci Ribeiro, conta que desde 2015 a unidade desenvolve o Clube de História. “É um projeto de pesquisa relacionado à cultura afro-brasileira. O Clube de História se atinha apenas à questão da pesquisa, e os estudantes viajam em projetos de iniciação científica, inclusive já foram para outros estados. E nós vimos no edital uma oportunidade de ampliar aquilo que já fazemos. Começamos já na Jornada Pedagógica, e fomos contemplados com um valor de R$ 44 mil”. O recurso foi usado para custear viagens de campo, para o financiamento do documentário e outras atividades sociopedagógicas, como palestras e debates.
Lorena Estrela, 17 anos, terminou o Ensino Médio no Cemimg e participou do projeto. “Foi muito importante para mim porque é uma coisa que eu vou levar para a minha vida. Aprendi muito em relação aos meus antepassados, sobre a minha história, que muitas vezes, com relação às aulas, passa despercebido. Com isso, nós combatemos o racismo estrutural da nossa sociedade”.
Concluinte do Ensino Médio no colégio, Lucas dos Santos Simões, 17 anos, ampliou seus horizontes ao participar do projeto. “No Nupea, desde o início do ano, houve diversas atividades, envolvendo palestras, viagens, que vieram mudando a perspectiva não só minha, mas espero que dos catuenses, sobre a importância de se ter um projeto antirracista, de se ter cuidado com o próximo, valorizando o amor e a união. Porque todos somos iguais, o que importa é o que está dentro de cada um de nós e o simples fato da mudança da cor de pele não vai definir se uma pessoa é melhor do que outra”, reflete.
Repórter: Raul Rodrigues
Foto: Mateus Pereira/GOVBA
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