Embaixador dos EUA diz que Brasil enfrentará consequências caso aceite Huawei no 5G
O embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, disse em entrevista ao jornal O Globo desta quarta-feira (29), que “haverá consequências” para o Brasil caso o país permita que a gigante chinesa de tecnologia Huawei forneça equipamentos para a rede 5G, cujo leilão está previsto para 2021.
“Primeiro, a informação não estará segura. A qualquer hora, o governo chinês pode pedir à Huawei que a informação seja mandada a eles. O segundo ponto é que, ao fazer um investimento, você tem que decidir para onde vai. Os que estão investindo em farmacêuticos, em software, olham isso. Nossa economia é baseada em serviços. A maior exportação dos EUA é inteligência, propriedade intelectual. Temos que proteger nossa propriedade intelectual. E o Brasil tem que fazer o mesmo. Ou vai continuar exportando produtos primários, e não de alta tecnologia”.
Ele deu a entender que empresas americanas podem deixar de investir no Brasil, por temer que seus segredos de propriedade intelectual não estejam protegidos.
“Eu diria que represálias não, consequências sim. Cada país é responsável por suas decisões. As consequências que estamos vendo no mundo é que há um receio de empresas que estão baseadas na propriedade intelectual de fazer investimentos em países onde essa propriedade intelectual não seja protegida.”
Os EUA, depois de impor restrições à Huawei, como a proibição de compra de componentes fabricados por empresas americanas, pressionam seus aliados a impedir que a companhia entre em suas redes 5G. Os chineses negam que pretendam usar a empresa, que é privada, para espionagem.
Todd Chapman explicou como o governo americano pretende ajudar as empresas no Brasil a comprarem equipamentos 5G de outros fornecedores que não a Huawei.
“Será através do International Development Finance Corporation (banco de fomento criado pelo presidente Donald Trump em 2018). Nessa mudança, a capitalização foi duplicada, de US$ 30 bilhões para US$ 60 bilhões. Agora, podemos financiar não só produtos americanos ou empresas dos EUA que fazem investimentos no exterior, mas projetos de interesse dos EUA e de nossos aliados. E já decidimos que estamos abertos a oferecer esse financiamento a quem comprar produtos de fornecedores confiáveis.”
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