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Diplomas falsos de ensino médio e superior são vendidos livremente a cerca de R$ 1.200 em Salvador

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Entramos em contato com um destes anunciantes para simular a compra de um certificado do curso de Administração

Foto: Ebc

Grupos no Whatsapp, Facebook, sites de classificados e sites em geral. Em todas essas plataformas são vendidos certificados e diplomas do ensino médio, técnico e até de ensino superior. Vários destes anúncios afirmam que o procedimento é realizado através de funcionários das instituições, que forjam todo o processo.

Ao saber da prática, um internauta se assustou com a proposta e imaginou uma situação plausível para a compra e venda de diplomas falsos: “Imagine você dar o diploma a alguém que não estudou. Depois sua mãe sofre um acidente e cai na mão desse médico, que você vendeu o diploma?”.

No final de 2018, uma quadrilha foi presa por terem emitido 350 mil diplomas falsos, movimentando R$ 700 milhões em 5 anos no Rio de Janeiro, que segundo a Polícia Civil, é um dos maiores fornecedores do Brasil.

Foto: Reprodução / Redes sociais

Além de diplomas e certificados falsos, alguns anúncios prometem ainda carteira nacional de habilitação, carta de crédito e outros documentos. Entramos em contato com um destes anunciantes para simular a compra de um certificado do curso de Administração. Sem se identificar, ele afirmou que o processo é realizado com auxílio de funcionários de instituições de Salvador e Camaçari, e garantiu que o processo seria seguro:

“O procedimento é bem simples! Por sermos funcionários de instituições conseguimos o cadastramento dentro do banco de dados e a emissão de comutações [troca]. O processo consiste em uma elaboração e cadastramento de toda a documentação do cliente junto ao banco de dados do MEC e secretário de educação por meio da instituição, cadastrando e cumprindo toda a grade curricular, o que torna possível a emissão da documentação original diretamente na unidade. Com todos os requisitos de uma documentação original de um graduado. assim como registro no MEC (Ministério da Educação). Um processo seguro!”

Foto: Reprodução / Redes sociais

Em áudio, o vendedor afirmou que antes do cliente realizar o pagamento, o procedimento seria realizado e ele enviaria uma foto do diploma já falso, para então o pagamento ser efetuado. Segundo ele, outros vendedores cobram antes e alguns clientes ficam com receio de “fechar negócio”. Sobre o curso de Administração, o “vendedor” afirmou que custaria R$ 1.200. Ele não respondeu outros preços , mas afirmou que com qualquer opção de curso seria possível falsificar um diploma.

Em nota, o Ministério da Educação ressaltou que o reconhecimento de diplomas é responsabilidade das universidades, que são responsáveis pelo registro dos documentos dos alunos: “O MEC esclarece que conforme a legislação brasileira, a atuação do Ministério é em relação a questões educacionais. Falsificação de diplomas é um crime e o MEC não tem competência legal para investigar crimes”.

Punição
Segundo o Código Penal (Artigo 296 do Decreto Lei nº 2.848), quem falsifica diplomas ou quaisquer outros documentos, está cometendo diversos crimes: Falsificação, fabricação e alteração de documentos, podendo pegar de dois a seis anos de prisão em regime fechado.

Caso a falsificação seja de diploma de universidade pública, acrescenta-se ainda mais um a cinco anos de prisão por declaração falsa por alterar a verdade sobre um fato juridicamente relevante. Caso seja de faculdade particular, a pena é de prisão de um a três anos em regime fechado.

Caso a falsificação seja feita por funcionário público, e usa da função para criar documento falso, acrescenta-se o crime de falso reconhecimento de firma e a pena pode ser ampliada. Já quem compra está cometendo o crime de falsificação ou alteração, mas somente se usar o documento falsificado a benefício próprio, pode pegar de dois a seis anos de prisão em regime fechado.

O Ministério afirmou ainda que é possível verificar as instituições e cursos reconhecidos pelo MEC em consulta no e-Mec: http://emec.mec.gov.br. Em nota, a Polícia Civil da Bahia afirmou que possíveis denúncias devem ser feitas às delegacias regionais, que investigam o caso. O Ministério Público da Bahia e a Secretaria estadual da Educação, até o momento, não retornaram os contatos.