Cuba tem enviado vacina contra o coronavírus para a China; Verdade ou mentira?
Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que Cuba anunciou que tem produzido e enviado para a China uma vacina contra o coronavírus que já curou 1.500 pessoas.
Apesar do título chamativo, que fez com que a mensagem se propagasse nas redes sociais, o texto cita, na verdade, o Interferon Alfa 2B. Esse é apenas um dos 30 medicamentos escolhidos pelo governo chinês para tratar pacientes com coronavírus.
Procurado pelo G1, o diretor de investigações biomédicas do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Cuba, Gerardo Guillen, afirma que Cuba não tem a vacina contra a Covid-19.
“As informações que circulam se referem ao Interferon, que é um produto terapêutico, que se utiliza para fortalecer a imunização geral, não é específico como as vacinas. Obter uma vacina levará um ano ou um ano e meio”, diz.
@GGN94447444
¿Cuba anunció una vacuna contra el coronavirus?— Roney Domingos (@roneydomingos) March 12, 2020
O jornal Granma, órgão oficial do governo cubano, reafirma que o Interferón alfa2B é um dos medicamentos escolhidos pelo governo chinês para tratar problemas respiratórios.
O infectologista Leonardo Weissmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que o Interferon alfa 2B não é uma vacina. “Ele é um medicamento que já foi usado para tratamento de hepatites, de leucemia. Não é uma vacina. Existem alguns medicamentos que estão sendo estudados, existem ensaios clínicos para tentar achar um medicamento que aja contra esse novo coronavírus, mas até agora não tem nada comprovado cientificamente. Não há nem medicamentos nem vacina por enquanto”, diz.
A Organização Mundial de Saúde informa em sua seção de perguntas e respostas sobre o coronavírus que ainda não existe uma vacina nem um tratamento específico.
“Até o momento, não há vacina nem medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar o Covid-2019. No entanto, as pessoas afetadas devem receber cuidados para aliviar os sintomas. Pessoas com doenças graves devem ser hospitalizadas. A maioria dos pacientes se recupera graças aos cuidados de suporte”, afirma o órgão.
Segundo a OMS, possíveis vacinas e alguns tratamentos medicamentosos específicos estão sob investigação. “Eles estão sendo testados através de ensaios clínicos. A OMS está coordenando esforços para desenvolver vacinas e medicamentos para prevenir e tratar a Covid-19.”
“As maneiras mais eficazes de proteger a si e aos outros contra a Covid-19 são limpar frequentemente as mãos, cobrir a tosse com a curva do cotovelo ou tecido e manter uma distância de pelo menos 1 metro (3 pés) das pessoas que estão tossindo ou espirros.”
O Ministério da Saúde também reforça que, “até o momento, não há nenhum medicamento, chá, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus”.
Políticos de esquerda caem em fake news de vacina cubana
Nesta quinta-feira, o coordenador do MTST e candidato a presidente do PSOL em 2018, Guilherme Boulos, publicou que a China estava utilizando uma “vacina produzida em Cuba”. Depois, fez uma correção dizendo que o medicamento “não era uma vacina, mas sim um antiviral”. “Algumas reportagens falaram indevidamente em vacina, induzindo ao erro”, escreveu ele.
O economista do PT Marcio Pochmann também publicou no Twitter sobre a “vacina anticoronavírus apresentada original e pioneiramente” por Cuba. “China, Itália e outros se rendem ao sucesso da saúde pública cubana”, escreveu ele.
Outros deputados e senadores do PT celebraram o uso do remédio cubano na China, mas sem recorrer à fake news da vacina. “Nada como um dia atrás do outro, daqui a pouco vai pedir o remédio de Cuba sucesso no tratamento da doença”, escreveu a presidente do partido, Gleisi Hoffmann.
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