Criminosos usam dados pessoais de clientes de TVs por assinatura para aplicar golpes

Por Extra

Supostos funcionários entram em contato e sabem dados pessoais dos consumidores Foto: Arquivo

Consumidores do Rio que estão solicitando serviços de atendimento de TV por assinatura têm sido surpreendidos com telefonemas de empresas concorrentes ou de falsos funcionários. Os bandidos têm acesso aos dados pessoais dos clientes e oferecem novos serviços de outras operadoras.

A jornalista Carla Soares, de 38 anos, se cadastrou no site da SKY para contratar um plano. Depois, recebeu a ligação de uma pessoa que se identificava como atendente da operadora e precisava confirmar dados pessoais. O falso funcionário, porém, alegou que a empresa não poderia fornecer o serviço e ofereceu, pelo mesmo preço, um pacote da concorrente Claro TV.

— Neguei e, depois, retornei para o número que tinha me ligado e se tratava de uma empresa de cobranças, que eu não sei como tem meus dados pessoais. Quando entrei em contato com a SKY, disseram que não tinham me ligado e que a instalação estava marcada.

Segundo a Psafe, empresa de segurança e privacidade online, as formas mais comuns de vazamento de dados dos clientes são ataques de hackers ao banco de dados das empresas ou a participação de funcionários ou ex-funcionários.

— Embora não haja uma obrigação na lei, as empresas devem avisar aos clientes sobre o vazamento — explica Emilio Simoni, diretor do laboratório da PSafe especializado em cibercrime.

Serviço adicional é cobrado

A dona de casa Fátima Andrade, de 59 anos, conta que a filha havia solicitado um pacote da NET, mas recebeu uma ligação de um suposto empregado da empresa com a solicitação de confirmação de informações como número do CPF, para agendamento da instalação. Desconfiada do excesso de informações solicitadas, encerrou a chamada e ligou para a operadora, que esclareceu que a ligação não tinha sido feita por um profissional da NET:

— Percebemos pela postura, mas é um risco, porque ele tinha nosso endereço e dados. Outra pessoa poderia cair.

Outro problema frequente para clientes de operadoras de internet e TV por assinatura é que sejam induzidos a contratar um seguro e assistência técnica adicional sem perceber.

Funciona da seguinte maneira: o consumidor liga para a operadora para mudar de plano ou contratar um novo. Logo depois, recebe a chamada de um suposto funcionário da empresa, que confirma os dados e a solicitação, além de pedir o número do cartão de crédito.

Na fatura do cartão do mês seguinte, a surpresa: a cobrança feita pela Online Assist. No Reclame Aqui, são mais de 1.700 queixas contra a empresa, sendo 367 de clientes que não conseguem cancelar, 305 querem o estorno do valor pago e 290 denúncias sobre propaganda enganosa. O auxiliar de nutrição Anderlei Antonio, de 64, foi vítima:

— Eles me ligaram como se fossem da Oi Velox me oferecendo o serviço e disseram que seria uma taxa única. Agora me cobram todos os meses, o valor aumentou e não cancelam.

Confira a entrevista com Bárbara Simão, pesquisadora de telecomunicação do Idec

Se uma pessoa suspeitar que seus dados foram vazados por alguma empresa que lhe presta serviço e que tem suas informações, o que deve fazer?

A questão dos vazamentos de dados é muito complexa, porque temos poucas leis que falam de tratamento de dados pessoais. O Código de Defesa do Consumidor tem regras sobre cadastro de consumidor, ou seja, o consumidor tem direito de saber que foi criado um cadastro e que pode retificar as informações incorretas. Casos como os enfrentados pelos consumidores procurados por outras empresas, mostra que existe um compartilhamento de dados indevidos. O cliente deveria ter direito de pedir a retirada de seu nome de um banco cadastral que não solicitou. Hoje, o consumidor pode reclamar com a empresa e com o Procon, mas a efetividade disso não é tão grande, já que não tem uma autoridade garantidora de proteção de dados pessoais, que seria criada com a lei que está sendo discutida agora (Há projetos na Câmara e no Senado sobre o assunto).

O que as empresas devem fazer se houver a constatação de que dados vazaram? O cliente deve ser informado?

Não há uma regra expressa. No caso da Netshoes (em que foram vazadas informações de quase 2 milhões de clientes neste ano), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu para a empresa notificar individualmente todos os clientes afetados. Infelizmente, não há uma regra para casos assim.

Que medidas as empresas devem adotar para evitar o vazamento de dados ?

As empresas devem utilizar padrões de segurança adequados para as informações que possuem dos clientes e serem mais transparentes sobre coleta de dados sensíveis.

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