“Correios não precisa da ajuda do Governo para se manter”, diz diretor do sindicato na Bahia

Cerca de 100 mil funcionários dos Correios em todo o Brasil paralisaram as atividades desde às 22h desta segunda-feira (17), em protesto contra a retirada de direitos e ajuste salarial.

Em conversa com o VN, o diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telegráfos do Estado da Bahia, André Aguiar, relatou a atual situação da estatal e citou que ao invés de prejuízo, a empresa dá lucro e não precisa de ajuda do governo federal.

“Mesmo com a retirada de 6 bilhões de dividendos antecipados dos cofres dos Correios pelo Governo Federal, em 2015, a estatal se equilibrou. Já em 2017 foram 667 milhões de reais de lucro”, explicou André. Segundo ele, faltando 4 meses para o final do ano, o lucro da empresa em 2020 já está estimado em R$ 800 milhões.

Entre os benefícios está a presença da estatal em 100% do território brasileiro. Segundo André, quando os Correios integravam o ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o titular da pasta pediu um estudo para comprovar a real necessidade da privatização.

“Mas, com a recriação do Ministério da Comunicação, os Correios voltou a fazer parte desse ministério. Desde então os trabalhadores têm tentado uma reunião com o novo ministro Fábio Faria para provar que os Correio é auto lucrativo e não dá prejuízo conforme alguns tem dito”, pontua.

Com a desestatização da empresa, o medo é que os Correios sigam o mesmo caminho de outras empresas do mundo, que precisaram voltar ao estado após ser passada ao plano privado.

“Hoje, dos 200 Correios que existem em todo mundo, oito foram privatizados. Desses oito, cinco estão voltando a ser estatizados por ter causado um caos no serviço postal desses países, a exemplo de Portugal e Argentina. O medo principal é que com a privatização o povo seja prejudicado”, contou André.

“Os trabalhadores querem a manutenção do Acordo Coletivo da categoria conforme decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em dissídio coletivo protocolo pela própria empresa em 2019. O TST garantiu a validade do ACT por dois anos (2019/2021), porém a empresa está descumprindo essa decisão, e mesmo em momento de pandemia, a direção dos Correios, ataca os direitos dos trabalhadores, ameaçando sua subsistência e sua dignidade. A empresa não está respeitando uma decisão da própria justiça, e para piorar de um Tribunal Superior”.

O diretor pontua ainda que, além do citado, a empresa segue prestando serviços essenciais à população, entretanto, segundo André, a direção dos Correios ataca os funcionários com retiradas de benefícios que foram conquistados a mais de 30 anos. “Um desrespeito com os 100.000 trabalhadores. Por esse motivo os trabalhadores de todo Brasil, decretaram greve geral por tempo indeterminado”.

RESPOSTA DA EMPRESA
Em nota, a direção nacional dos Correios afirmou que a empresa não pretende retirar direitos dos funcionários e propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados.

Sobre a greve, a empresa afirmou que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.

Segundo a estatal, houve redução, prevista com as medidas de contenção em pauta, de R$ 600 milhões em despesas e as reivindicações custariam cerca de dez vezes o lucro obtido em 2019. “Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”.

“Os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”, finaliza a nota.

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