Casos de cálculo renal aumentam no verão

A ingestão de líquidos em abundância é a forma mais conhecida e popular de prevenir a formação de cálculo no trato urinário, também conhecido como litíase urinária. Porém, essa orientação é ainda mais importante nos meses quentes de verão, já que, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), estudos apontam um aumento de até 30% nos atendimentos relacionados ao problema nesta época do ano.

De acordo com o uro-oncologista Augusto Modesto, diretor da SBU-BA, isso acontece porque “com a elevação da temperatura, principalmente em locais de maior umidade, há maior perda de líquidos pelo suor. Isso torna a urina, caso não haja reposição de líquidos, muito concentrada em minerais como o cálcio, o que aumenta o risco desses minerais se concentrarem, sedimentarem e cristalizarem, formando os cálculos”, resumiu.

A litíase urinária possui alta prevalência, o que a torna uma das principais doenças na Urologia. Sua incidência pode chegar até 20% em alguns países, apresentando grandes variações conforme fatores geográficos, climáticos, étnicos, alimentares e genéticos. A taxa de recidiva pode chegar a 50%.

Vários são os fatores envolvidos na formação dos cálculos urinários. Predisposição genética e influências ambientais, como o calor excessivo, são alguns deles. Alterações metabólicas, como a excreção excessiva de cálcio, ácido úrico e oxalato, ou reduzida excreção de citrato na urina, são responsáveis por 80% dos casos. “A infecção urinária está diretamente relacionada à formação desses cálculos. Além disso, alguns medicamentos são considerados de risco para a formação da nefrolitíase, destacou Augusto Modesto.

Sintomas
– O quadro clínico depende da localização da litíase. A manifestação mais frequente é ocasionada pela mobilização e descida de cálculos pelo ureter, quando podem obstruir o fluxo urinário, distendendo a cápsula renal e dando dor forte. Se apresenta como dor de início súbito, do tipo cólica, predominantemente lombar, irradiando para o abdome, bexiga, testículos ou grandes lábios, e face interior das coxas.

A dor em cólica é crescente e o paciente fica pálido e agitado, irritando-se facilmente, com suores frios. Na bexiga, mais raramente, o cálculo pode obstruir o fluxo urinário, podendo ser eliminado no jato urinário ou não. Raramente a descida do cálculo pode ser indolor, com apenas um discreto desconforto local.

Sangue na urina está presente na maioria dos casos de cólica renal. Sintomas e sinais gerais como náuseas, vômitos, dor abdominal, anorexia, mal estar e infecção do trato urinário também podem se manifestar.

Diagnóstico
– Além do conjunto de sintomas e sinais supracitados no quadro clínico, o diagnóstico depende da realização de exames de sangue e urina, além da tomografia de rins e vias urinárias, sem contraste, que é o “gold standard”. A tomografia, além do diagnóstico, traz detalhes sobre a localização, números de cálculos, tamanho e dureza dos mesmos, possibilitando a tomada de decisão mais segura.

Tratamento
– De acordo com os dados clínicos e exames laboratoriais e de imagem, é definida a melhor conduta para cada caso. A maioria dos pequenos cálculos (<5mm) que se apresenta no canal da urina entre o rim e a bexiga (ureter) evolui com eliminação espontânea durante um determinado período, que pode chegar a seis semanas. Se as condições permitirem, esses pacientes podem ser apenas acompanhados, ficando a remoção do cálculo indicada em situações específicas. Sao importantes as orientações dada pelo especialista, caso o paciente opte por essa modalidade. Importante usar medicações adequadas, coar a urina para observar a saída do cálculo, caso aconteça, e se a dor retornar, contactar o seu urologista para intervir. De acordo com o uro-oncologista Augusto Modesto, “quanto maior o cálculo, menor é a chance de passagem espontânea, sendo muitas vezes necessária a realização de procedimentos, como litotripsia extracorpórea (máquina que emite energia em forma de ondas externas ao corpo e fragmenta o cálculo), ureterolitotripsia (cirurgia que consiste na introdução de um aparelho pelo canal da urina para quebra do cálculo com uso de energia a laser) e cirurgias percutâneas, outra modalidade de tratamento, mais invasiva, mas menos frequentes, com indicações precisas e riscos/complicações controladas. A cirurgia laparoscópica , também pode ser lançada mão, em cálculos na pelve renal e ureter médio/ proximal, principalmente se não se tem os instrumentos adequados para a cirurgia endoscópica. Cirurgia aberta, felizmente, são menos frequentes, mas que podem ser indicadas. Apresentam, por consequência, mais complicações”, resumiu.o especialista. Prevenção - Segundo a SBU, assim como o tratamento dos casos agudos, é importante, a prevenção da formação de novos cálculos, pois até metade dos pacientes pode voltar a ter cálculos. “A avaliação médica pelo urologista após o tratamento da cólica renal é indispensável, pois a investigação dos fatores associados ajuda a reduzir a formação de novos cálculos”, pontuou o especialista. Medidas simples, como aumentar o consumo de líquidos (cerca de 2 a 2,5 litros por dia) e reduzir a ingesta de sódio (sal) e proteínas (carnes em geral), apresentam sucesso na prevenção dos cálculos urinários. Outras medidas e medicamentos podem auxiliar, mas necessitam de uma avaliação completa antes de serem utilizados.

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