Aumento de imposto deixa cerveja mais cara na Bahia com a chegada do Carnaval

O Carnaval volta a ser comemorado sem restrições em 2023, após dois anos de suspensão pela pandemia da covid-19. A data é uma das mais celebradas pelas fabricantes de cerveja como Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis, dado o aumento de vendas. Mas neste ano de retorno da festa a cerveja também está mais cara em alguns Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

Os aumentos, no entanto, não estão sendo feitos como parte da estratégia de precificação das fabricantes. Nesses Estados, mudanças  tributárias feitas pelos governos locais são a explicação para a cerveja mais cara. Na Bahia, por exemplo, a alíquota do ICMS para a bebida passou de 25% para 27% desde janeiro. 

Em Minas Gerais, distribuidores começaram a receber avisos de aumento de preços que passaram a valer nesta semana. Em reportagem do jornal O Tempo pequenos distribuidores relataram aumentos de até 13% para algumas marcas.

Os aumentos estariam relacionados à inclusão das bebidas alcoólicas a uma das portarias da administração estadual que fixa valores dos preços médios ponderados a consumidor final a serem usados na base de cálculo do ICMS.

A situação é similar à de São Paulo, em que uma portaria do Estado determina novas pautas para cervejas e chope de janeiro a junho deste ano, o que altera a base de cálculo de ICMS dos produtos. Ainda assim, cerveja e chope são alguns dos campões de carga tributária, segundo o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A do chope é de 62% e da cerveja, 42,7%.  

Um desses avisos de reprecificação em Minas Gerais é, por exemplo, do Sistema Coca-Cola, que distribui parte do portfólio de cervejas do grupo Heineken, como os rótulos Tiger, Kaiser e Eisenbahn. Os novos preços, segundo o aviso, entraram em vigor em 7 de fevereiro. As engarrafadoras Coca-Cola também distribuem cervejas do grupo espanhol Estrella Galicia e a artesanal Therezópolis, comprada pelo Sistema em agosto de 2021.

Desde daquele ano, Sistema Coca-Cola e Heineken têm um novo acordo de distribuição, em que a cervejaria holandesa distribui os rótulos Heineken e Amstel – que são seus carros-chefe – enquanto as engarrafadoras da Coca-Cola puderam ampliar seu portfólio de cervejas com aquisições e outras parcerias, como a firmada com os espanhóis.

Em comunicado feito por sua equipe de comunicação, a Ambev (ABEV3), dona das marcas Brahma e Skol, diz que não fez novos aumentos em 2023. O último reajuste de preço foi anunciado e realizado no segundo semestre de 2022. Já a Heineken afirma apenas a administração global comenta sobre estratégia de preço.

Na mesa do bar

O ambiente de precificação está mais favorável às companhias, segundo analistas de mercado. A equipe do Credit Suisse destaca que o preço da cerveja no Brasil aumentou à medida que a indústria procura compensar as pressões de custo de insumos em 2022.

Para o consolidado de 2022, cujos números ainda não foram divulgados, os analistas do banco estimam um aumento de 25% de preço e mix da Heineken e de algo entorno de 15% para a Ambev, cujos preços estão sendo suportados pela volta dos bares e o crescimento “acelerado” do portfólio premium, cujos preços são mais elevados – entre esses rótulos estão Becks, Corona e Stella Artois.

Ainda assim, o presidente da associação dos bares e restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, destaca que a indústria cervejeira tem poupado esse canal de maiores aumentos, dado os efeitos da pandemia que ainda se fazem sentir nas contas desses estabelecimentos.

Em janeiro, a inflação da cerveja saltou 1,50% no varejo, ou seja, aquela vendida em supermercados e atacarejos. Em 12 meses, o avanço já é se 10,55%. Já nos bares, o aumento no mês foi de 0,43% e de 6,10% em 12 meses terminados em janeiro. No índice geral, o avanço do IPCA em janeiro foi de 0,53%. As informações são do portal Exame*

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