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Ator gay que vive mulher trans é atacado por transexuais

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Luis Lobianco enfrentou a intolerância de quem justamente reclama do preconceito.

Um ator cisgênero (que se identifica com o sexo com o qual nasceu) não pode interpretar um transexual (que possui identidade de gênero diferente do corpo que tem)?

Para alguns militantes, não, não pode – personagem trans só pode ser vivido por ator ou atriz trans.

No último fim de semana, um grupo de transexuais protestou durante a peça ‘Gisberta’, em cartaz no Teatro Rival, no Rio. O jornal ‘Extra’ relatou a confusão.

Luis Lobianco caracterizado como Gisberta, uma transexual paulista vítima de crime de ódio na cidade do Porto.
Foto: Elisa Mendes/Divulgação

O alvo da manifestação ruidosa foi o ator Luis Lobianco, da sitcom ‘Vai Que Cola’ (Multishow), do ‘Zorra’ e do canal de humor Porta dos Fundos (YouTube).

Ele estrela o monólogo baseado na história real de uma trans brasileira torturada e morta em Portugal.

Lobianco, 36 anos, é um homem cis, ou seja, vive em harmonia com o seu gênero de nascença. No caso, um cisgênero gay, já que o comediante é assumidamente homossexual.

Assim como se sente no direito de interpretar uma mulher, o artista também acredita ter liberdade de expressão para dar vida a um transexual, seja no teatro, no cinema ou na TV.

Já uma parte dos ativistas LGBTT (Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros) defende que apenas atores trans estão autorizados a interpretar personagens trans.

O ator em cena de vídeo do Porta dos Fundos: seu próximo trabalho na TV será na novela ‘Segundo Sol’, que sucederá ‘O Outro Lado do Paraíso’.
Foto: Reprodução/YouTube

A reivindicação de representatividade e mais oportunidades de trabalho a artistas transexuais está correta. Eles ainda enfrentam muitas restrições e estereótipos dentro do meio artístico, assim como na sociedade.

Mas um ataque agressivo como o visto no Teatro Rival não colabora em nada para a reivindicação de direitos e maior visibilidade.

Pelo contrário: esses transexuais praticam uma intolerância semelhante à que sofrem no dia a dia.

Ao protagonizar um ato considerado violento, geram repulsa e antipatia à causa ao invés de atrair mais apoiadores ao movimento trans.

“Espero não ser impedido de agradecer ao público no fim como ocorreu. Gente de ‘mau sentimento’ ficou exposta, gente de boa-fé está no diálogo. Resisto!”, escreveu o ator no Instagram, referindo-se à gritaria que abafou sua fala ao público.

Lobianco já havia enfrentado hostilidade de membros da comunidade trans em sessões do espetáculo em Belo Horizonte.

Os protestos poderiam ter sido feitos sem xingamentos, sem constranger o ator e a plateia, sem produzir uma imagem negativa na imprensa. O diálogo ainda é a melhor ferramenta para o combate a qualquer tipo de discriminação e a promoção de minorias.

Os transexuais estão entre os principais alvos do radicalismo ideológico no Brasil. No entanto, alguns deles usam a mesma arma – a intolerância – da qual são vítimas.

Desse jeito, conseguirão apenas mais desafetos e uma péssima propaganda de si mesmos.

Por Terra