Após ter nariz mordido pelo marido, mulher terá que fazer 15 cirurgias reparadoras
Há pouco mais de uma semana, Talita Oliveira, de 28 anos, fez a quinta cirurgia de reconstrução nasal, após ter sido mordida pelo ex-marido, com quem tinha dois anos de relacionamento. Ela perdeu o nariz e a orelha esquerda, depois de ser “abocanhada” duas vezes pelo agressor.
Em entrevista ao blog do Paulo Sampaio, no Uol, Talita contou que tinha afirmado não querer mais o relacionamento. “Ele foi embora, levou tudo, mas naquele dia [da agressão no rosto] teve jogo do Corinthians. Toda vez que tinha futebol, ele chegava em casa muito agressivo. Me batia, e no outro dia pedia desculpas, arrependido”, disse.
Segundo ela, como acontece na maioria dos casos de agressão doméstica, o ex-companheiro de Talita era muito carismático com amigos, parentes dela e a vizinhança. Com os três filhos que ela teve de um relacionamento anterior (de 13, 10 e 8 anos), ele também era muito carinhoso. Quando as agressões psicológicas passaram para as físicas, o agressor só batia nela nos fins de semana, quando as crianças estavam com o pai ou a avó.
Talita relatou que no dia da agressão, o ex-marido começou a ligar pra ela, ameaçando-a. “Ele dizia que se eu não falasse, ele iria até a minha casa e me mataria. Às 2h ele apareceu em um carro que devia ser emprestado, bateu na minha janela, eu acordei, abri a porta. Ele queria que eu o acompanhasse, desse uma volta de carro, eu disse que não ia, que não ia deixar meus filhos. Ele entrou e vasculhou tudo atrás de algum namorado meu, até debaixo da cama. Acabou indo embora, mas voltou”, contou.
Um ano e três meses depois de se livrar do agressor, Talita diz que cada cirurgia a que se submete a deixa mais triste. “É uma dor que eu não merecia.” Quem se encarrega da reconstrução nasal são médicos do SUS. Talita não sabe dizer se está pior física, ou psicologicamente. “Nunca mais dormi direito. Choro muito à noite, escondida de meus filhos”, desabafou.
Ela afirmou que a polícia “fez um trabalho excelente”. Foragido, o agressor foi capturado em Pirapora e julgado em primeira instância. Criminalistas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se dispuseram a ajudá-la. “Na delegacia em que ela registrou o boletim de ocorrência, o plantonista classificou o caso como “lesão corporal grave”; mas na delegacia de mulheres, a acusação passou a ser considerada uma “tentativa de feminicídio”, o que agravou muito a situação do réu. “A família achou que ele fosse sair direto pra casa. Mas eles o mandaram para júri popular”, disse.
Com informações do Uol
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