Início Brasil Aécio, Renan, Jader e mais 33 alvos da Lava Jato se elegem

Aécio, Renan, Jader e mais 33 alvos da Lava Jato se elegem

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Outros 46 investigados na operação acabaram derrotados no pleito

Os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho – Pedro Ladeira – 20.mai.15/Folhapress

Por Felipe Bächtold | Folhapress

O desgaste com delações e menções na Lava Jato não impediu que aos menos seis réus, 24 investigados e seis denunciados fossem eleitos nas eleições deste domingo (7) pelo país.

Outros cinco alvos da operação vão ainda disputar o segundo turno.

Na lista de eleitos, estão políticos que foram intensamente alvejados na Lava Jato, como os senadores reeleitos Renan Calheiros (MDB), em Alagoas, e Ciro Nogueira (PI), no Piauí, que chegou a ser alvo de buscas já na reta final da campanha, em desdobramento da delação da Odebrecht.

O veterano Jader Barbalho (MDB) foi o mais votado para o Senado no Pará.

Houve ainda três investigados que conseguiram se eleger, mas foram “rebaixados”: os hoje senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR), Aécio Neves (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN), que, desgastados pelas investigações, decidiram concorrer a deputado federal. Gleisi, presidente nacional do PT, foi a terceira mais votada em seu estado.

A reportagem levantou entre os candidatos ao menos 18 réus (em ações penais, cíveis ou eleitorais), 12 alvos de acusações já concluídas no Ministério Público (denúncias apresentadas ou ações de improbidade) e outros 57 com investigações em andamento com relação à operação iniciada no Paraná.

A maior parte envolve desdobramentos das “listas de Janot”, como ficaram conhecidos os inquéritos pedidos pelo então procurador-geral da República em decorrência das delações da Lava Jato.

Essas candidaturas foram mais favorecidas com recursos do fundo eleitoral, já que os partidos direcionaram mais dinheiro a políticos com mandato ou mais conhecidos.

Com o novo entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o foro especial, parte das investigações e procedimentos sobre esses políticos vem sendo enviada a instâncias inferiores nos estados.

Entre os 46 alvos da operação que concorreram e foram derrotados, há nomes de primeira grandeza da política nacional, como a ex-presidente Dilma Rousseff (duas vezes denunciada pela Procuradoria-Geral da República), o ex-governador paranaense Beto Richa, que chegou a ser preso durante a campanha, e o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).

A lista inclui ainda o senador Romero Jucá (MDB-RR), líderes tucanos, como Cássio Cunha Lima (PB) e Marconi Perillo, e petistas conhecidos do Congresso, como Marco Maia (RS) e Lindbergh Farias (RJ).

Réu em ação penal aberta pelo juiz Sergio Moro, o ex-deputado Cândido Vaccarezza, que era do PT e agora está no Avante, tentou voltar a Câmara dos Deputados e fez apenas 5.200 votos em São Paulo.

Ao longo da campanha, houve críticas a iniciativas de autoridades ligadas à operação que atingiram candidatos em plena campanha. Faltando um mês para o primeiro turno, os presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), por exemplo, foram alvos, respectivamente, de ação de improbidade e de denúncia, derivadas de delações de empreiteiras.

No Rio de Janeiro, além dos investigados que sofreram reveses nas urnas, filhos de dois dos principais presos da Lava Jato também acabaram não eleitos. O deputado federal Marco Antonio Cabral (MDB), filho do ex-governador Sérgio Cabral, não foi reeleito, e Danielle Cunha (MDB), filha do ex-deputado Eduardo Cunha, foi derrotada. Danielle havia obtido R$ 2 milhões do MDB do Rio, via fundo eleitoral, para financiar sua campanha.

Outros 11 congressistas que são réus no Supremo Tribunal Federal, em casos não ligados à Lava Jato, disputaram a eleição. Desses, oito foram derrotados, como André Moura (PSC), líder do governo Michel Temer no Congresso, que tentou o Senado em Sergipe, Sebastião Bala Rocha (PSDB-AP), que concorreu ao Senado, e Alberto Fraga (DEM), que ficou em sexto lugar na disputa pelo governo do DF.

O deputado federal Silas Câmara (PRB) foi um dos mais votados do Amazonas.

RÉUS DA LAVA JATO ELEITOS

– Aécio Neves (PSDB-MG)
eleito deputado federal e réu em ação penal no STF

– Arthur Lira (PP-AL)
eleito deputado federal e réu em ação penal no STF

– Eduardo da Fonte (PP-PE)
eleito deputado federal e réu em ação penal no STF

– Agripino Maia (DEM-RN)
eleito deputado federal e réu em ação penal no STF

– Mário Negromonte Jr.
eleito deputado federal e réu em ação de improbidade no Paraná

– Vander Loubet
eleito deputado federal e réu em ação penal no STF

DENUNCIADOS PELA PGR ELEITOS

– Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) – Câmara
– Ciro Nogueira (PP-PI) – Senado
– Gleisi Hoffmann (PT-PR) – Câmara
– Jader Barbalho (MDB-PA) – Senado
– Odair Cunha (PT-MG) – Câmara
– Renan Calheiros (MDBL-AL) – Senado

As idas e vindas no caso Aécio Neves (PSDB)

– Em abril de 2018, após saber que Aécio Neves (PSDB) havia virado réu, o pré-candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que Aécio não deveria disputar a eleição deste ano.
– Em maio de 2017, executivos do grupo J&F, proprietário da marca JBS, afirmam que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi gravado pedindo R$ 2 milhões a um dos donos da empresa, Joesley Batista, para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.
– Em junho de 2017, a Procuradoria-Geral da República denuncia o senador Aécio Neves (PSDB) sob acusação de corrupção e obstrução da Justiça.
– Em setembro de 2017, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decide impor medidas cautelares, alternativa à prisão pedida pela PGR, e pede o afastamento de Aécio Neves (PSDB) do mandato de senador e recolhimento domiciliar noturno.
– Em 11 de outubro de 2017, após contestação no meio político, o plenário do STF decide que medidas cautelares contra congressistas, para entrar em vigor, precisam de aval da Câmara ou do Senado se comprometerem o exercício do mandato. O Senado então ficou de votar as restrições impostas a Aécio Neves (PSDB).
– Em 18 de outubro, senadores derrubam a decisão do STF que havia afastado Aécio Neves (PSDB) do mandato. Nos debates, colegas do tucano argumentaram que a medida não está prevista na Constituição e que é preciso manter a separação entre os poderes.
– Em março de 2018, documentos da Junta Comercial de Minas Gerais mostram que o senador Aécio Neves (PSDB) não informou ao órgão R$ 6,6 milhões da venda de suas cotas na rádio Arco Íris, de Belo Horizonte, à sua irmã Andrea, em 2016. Ele atestou que o negócio ficou em R$ 88 mil.
– Em abril de 2018, o senador Aécio Neves (PSDB) torna-se réu em ação penal no Supremo pela primeira vez, por causa do episódio em que foi gravado, em março de 2017, pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS. Os ministros da Primeira Turma do STF votaram por receber a denúncia da PGR.