“A única vez que confiei meu filho a ela, ela deixou meu filho ir para a morte”, diz mãe de Miguel

Mirtes Renata de Souza, mãe do menino Miguel, de 5 anos, foi nesta sexta-feira (5) ao Encontro com Fátima Bernardes. A apresentadora chorou com o relato da mãe. Miguel morreu na queda do 9º andar de um prédio em Recife, depois de ser deixado só no elevador pela patroa da mãe, Sarí Corte Real. O caso é investigado pela polícia.

O caso aconteceu na terça (2) e desde então tomou repercussão nacional. Mirtes afirmou que espera ver justiça para o filho. “Eu venho orando por mim e pela minha mãe para que a gente tenha força para fazer justiça, para que a morte do meu filho não fique impune”, afirmou. “A primeira e única vez que confiei meu filho a ela, ela deixou meu filho ir para a morte”.

Mirtes diz que desde que Miguel morreu não consegue descansar. “Não estou conseguindo dormir no meu quarto porque quando eu olho para a cama do meu filho e vejo que ele não está aqui a dor aumenta mais ainda. Ele é a minha vida, eu não sei o que vai ser da minha vida sem ele”, diz.

Convidado que apareceu depois de Mirtes, o ator Fábio Assunção disse que estava assistindo o programa desde o início e também se emocionou. “Queria prestar minha solidariedade e ela, pela perda do Miguel, imagino a dor. Vi que você ficou emocionada… Chorei com vocês chorando”, falou.

Queda e investigação
A mulher que foi indiciada pelo homicídio culposo do filho de uma funcionária é Sari Gaspar Corte, mulher de Sérgio Hacker, prefeito de Tamandaré, em Pernambuco. Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos, morreu após uma queda do 9º andar do prédio conhecido como Torres Gêmeas, em Recife, na última terça. A mãe dele passeava com o cachorro dos patrões quando a queda aconteceu. Sari pagou fiança de R$ 20 mil e vai responder em liberdade.

A polícia não identificou oficialmente a mulher indiciada, mas a mãe da vítima confirmou à TV Globo que trabalhava para Sérgio Hacker e para a mulher, Sari. A patroa também foi identificada por outros parentes como Sari para o jornal O Dia. O marido dela, Sérgio Hacker, não comentou o caso até o momento. Procurado, ele desligou o telefone após o repórter se identificar. A assessoria do município também foi procurada e não se manifestou.

Para a polícia, Sari agiu com negligência quando deveria estar cuidando da criança e por isso responderá por homicídio culposo. Sem ter com quem deixar Miguel, a mãe dele, Mirtes Teixeira, o levou para a casa da patroa na terça. Mas enquanto ela passeava com o cachorro, a criança ficou agitada e tentou encontrá-la. Imagens mostram quando Sari aperta o botão do elevador, que estava no quinto andar, e deixa a criança só no aparelho. Pouco depois ele caiu do nono andar. O garoto chegou a ser socorrido ao Hospital da Restauração, mas já chegou sem vida.

“A criança tentou entrar em uma primeira vez no elevador, atrás da mãe, e foi retirada. (Em seguida) a criança retornou ao elevador e, infelizmente, nesse momento nós identificamos um fator determinante para alterar nosso entendimento técnico-jurídico do ocorrido: enquanto a criança apertou os botões, a moradora, possivelmente, cansada de tentar tirar a criança (do elevador), ela aperta um outro andar superior ao apartamento em que residia e a criança fica só no elevador, sobe, para no 1º andar, e depois, ao abrir a porta do 9º andar, desembarca”, diz o delegado Ramón Teixeira.

Para ele, a mulher foi negligente, pois na ausência da mãe era a responsável pela guarda momentânea de Miguel. “A gente registrou que a criança gritava pela mãe. Possivelmente, o menino viu a mãe passeando com o cachorro em via pública”, acredita. “Ela tinha o dever de cuidar da criança. Houve comportamento negligente, por omissão, de deixar a criança sozinha no elevador”.

A polícia diz que Sari infringiu o artigo 13 do Código Penal, que fala da ação culposa por não se cumprir obrigação de cuidado, vigilância ou proteção.

A perícia apontou que Miguel estava só quando caiu do nono andar, de uma altura estimada de 35 metros. O corpo foi sepultado na quarta no distrito de Bonança, em Recife. Sari e o marido compareceram ao sepultamento, segundo registros de familiares.

Um parente protesta durante o enterro. “Isso é fatalidade para quem é idiota. Isso foi maldade. Ninguém tem o direito de ceifar a vida de ninguém. Como vocês têm coragem de vir ao velório de nosso Miguel? Como a frieza de vocês chega a esse ponto? Você levou o Miguel ao elevador e apertou o botão. Por conta disso, ele caiu do prédio. Deus tem que fazer justiça”, diz.

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