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Tecsis Camaçari anuncia fechamento e demissão de 700 trabalhadores

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Por Beatriz Corleone | Foto e fonte: Esquerda Online

Nesta quarta-feira, 28 de março, centenas de trabalhadores acamparam em frente às duas portarias da empresa Tecsis, em Camaçari, na Bahia. Os funcionários protestam pois a empresa, produtora de pás eólicas, anunciou que vai fechar a planta e ainda ameaça não pagar as rescisões. A fábrica possui 700 empregados, sendo que 300 já estavam em Lay Off desde janeiro. Este mês, a patronal já tinha cortado o plano de saúde e outros direitos e até agora não pagou os salários.

Desde então, ocorreram três reuniões entre o sindicato da categoria, os representantes do Governo do Estado da Bahia e a direção da empresa. O sindicato defendeu a proposta de que a empresa mantenha suas atividades na Bahia. Após três reuniões, a empresa se negou a manter a produção na planta baiana. E, até agora, não sinalizou sobre o pagamento dos salários e rescisões. Por causa disso, os funcionários permanecem acampados na portaria da empresa pelo segundo dia, com grande disposição de luta.

Entenda a crise
A permanência da planta seria possível, pois apesar da enorme crise financeira em que se afundou a Tecsis, foi fechado recentemente um contrato para a produção de 300 pás de 25 metros. O molde estaria sendo construído em Sorocaba, no estado de São Paulo, mas deveria vir para a planta da Bahia. Entretanto, esta semana, a empresa anunciou que pretende fabricar essas pás na cidade paulista e fechar a unidade de Camaçari.

As diversas unidades que a Tecsis tinha em Sorocaba foram fechadas em 2017, após a perda de contratos, mas ainda havia setores que mantinham funcionários contratados. No segundo semestre, a planta de Camaçari também já se encontrava em crise, com atividades paradas devido à falta de materiais e grande acúmulo de dívidas. Em outubro, a empresa teve seu pedido de renegociação extrajudicial deferido. A medida de renegociação extrajudicial é um dos passos possíveis a serem dados por uma empresa em crise financeira antes de solicitar falência. Houve negociação dos quase R$ 1 bilhão em dívidas com os credores na época, mas para sair da crise era necessário conseguir novos contratos. Este contrato da pá de 25 metros pode ser a esperança da retomada das atividades da empresa.

A Tecsis já foi uma das maiores fabricantes de pás eólicas do Brasil e líder na produção de pás customizadas. Para a construção desta nova planta na Bahia, em 2015, contou com vários incentivos governamentais, investimentos de R$ 1,3 bilhão do BNDES e doação do terreno.

Muitos funcionários comentam sobre a responsabilidade do governo Temer no fechamento da planta e demissões. O crescimento no ramo eólico se dava por incentivos do Governo Federal que, em 2016, não realizou nenhum leilão para permissão de construção de novos parques eólicos e, em 2017, realizou apenas um, em dezembro.

Luta e solidariedade
Os funcionários pretendem permanecer acampados em frente às portarias da Tecsis, em defesa do pagamento dos seus salários, das rescisões e em defesa da manutenção da planta em Camaçari.

É uma luta em defesa da fonte de renda de mais de 700 famílias da cidade. A planta de Camaçari também possui diversos trabalhadores terceirizados na limpeza, refeitório, segurança patrimonial e transporte. Para a cidade de Camaçari, a perda de todos esses postos de trabalho representa um grave impacto, com agravamento ainda maior do quadro de desemprego na região e retração da economia local. Por isso, é preciso que a cidade toda se solidarize a esta luta. Todo apoio à luta dos trabalhadores da Tecsis.