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‘Quero que esses monstros sejam encontrados’, diz irmã de vítima de chacina na Gleba C

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Por Correio da Bahia

Eles participavam de um evento de confraternização após um ‘baba de saia’, (Foto: Marina Silva | CORREIO)

“Estamos até agora sem entender tudo isso que aconteceu. Quero que esses monstros sejam encontrados e paguem pelo que fizeram”. Foi desta forma que reagiu Cíntia Vila Nova, irmã de uma das vítimas da chacina em Camaçari, neste domingo (1), após chegar ao local do crime. Ela conta que não sabia que Alcimar Leonel Vila Nova, 28 anos, seu irmão, estava participando do baba de saia.

“Me contaram que, nessa festa, teve uma briga e que ele estava envolvido. Foi quando me contaram que ele tinha morrido”, relata ela. Cíntia ainda contou que a motocicleta do irmão havia sumido, mas depois foi encontrada. Até o momento em que ela chegou ao local, o irmão ainda não havia sido identificado, pois estava sem documentos.

O domingo de Páscoa tinha tudo para ser de paz e confraternização após o tradicional ‘baba de saia’ no bairro da Gleba C, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. Mas um crime bárbaro transformou o que seria uma reunião de amigos numa tragédia com quatro mortos.

Além de Alcimar, Ítalo José Azevedo, 22, Jailson Ferreira dos Santos Júnior, 17, e Rodrigo Marcelo Silva de Oliveira, 19, participavam de uma festa do tipo Paredão na rua Acajutiba, a principal do bairro, quando foram surpreendidos por homens encapuzados, que chegaram ao local em um veículo atirando. Um deles foi morto no local da festa, enquanto outros três ainda tentaram correr, mas também foram atingidos pelos disparos a poucos metros da área do evento.

Segundo a polícia, os autores do crime realizaram poucos disparos. Cada vítima foi atingida por um ou dois tiros, de acordo com o delegado adjunto Flávio Pinheiro, do Departamento de Polícia Metropolitana. O crime ocorreu por volta das 13h.

Eles participavam de um evento de confraternização após um ‘baba de saia’, tradicional durante a Páscoa. Neste tipo de jogo, os participantes usam saias durante a partida de futebol e costumam comemorar com vinho. Segundo moradores da Gleba C, o bairro é tranquilo e o evento ocorre há três anos, sempre sem incidentes. A festa reunia em torno de 100 pessoas, número superior ao das edições anteriores.

A suspeita é que os quatro mortos tinham envolvimento com tráfico de drogas, segundo o delegado. A desconfiança se deu em função de tatuagens usadas pelas vítimas, que teriam elo com facções. “Eles participavam de um baba de saia e estavam bebendo nesse local, nesse festa de paredão. Foi quando chegaram os indivíduos e foram direcionados a eles e atiraram. Ainda não temos muitas informações, porque os familiares ainda estão muito abalados”, conta o delegado, que ainda não sabe se as vítimas tinham passagem pela polícia. Ele informou que ainda não há informações sobre a quantidade de criminosos envolvidos nem sobre o veículo utilizado na ação.

Ação rápida

Agentes do 12º Batalhão da Polícia Militar de Camaçari e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegaram ao local poucos minutos após o crime. As vítimas ainda chegaram a receber atendimento médico, mas morreram no local.

Moradores que presenciaram o crime contaram que os atiradores se direcionaram às vítimas. “Cada um dos encapuzados foi direto para uma vítima. Parecia que eles já tinham os alvos certos. Foi tudo muito rápido”, contou uma das testemunhas. Um dos tiros chegou a atingir um estabelecimento comercial da região. Além das vítimas fatais, ninguém ficou ferido.

Dezenas de pessoas acudiram atingidos na Gleba C, em Camaçari (Foto: Reprodução)

Família

Familiares das outras vítimas chegaram ao local logo após o crime para fazer o reconhecimento dos corpos. Evitando falar sobre possíveis motivações do crime, alguns deles contaram que os parentes não tinham histórico de brigas ou confusões. “A gente ainda não sabe de muita coisa, só que foi um crime bárbaro e sem nenhum motivo. A família está devastada”, contou o tio de uma das vítimas, que não saía de perto do corpo do sobrinho e pediu para não ser identificado.

A expectativa dele e dos demais familiares é que o caso seja solucionado o quanto antes. “Foi um crime à luz do dia, com muitas testemunhas, em uma via principal de um bairro. Espero que os criminosos sejam encontrados logo”, complementa ele. Segundo o delegado Fábio Pinheiro, todos os familiares contaram que as vítimas não tinham envolvimento com o tráfico. Os corpos foram removidos do local do crime cerca de quatro horas após o ocorrido. Moradores da região se aglomeraram em torno dos corpos para acompanhar a perícia e a remoção.

Confraternização

O crime, cometido em pleno Domingo de Páscoa, chocou a comunidade, que já realiza o baba de saia há três anos, em duas partes, sendo que a primeira é na Sexta-feira Santa. Eles contaram que não houve nenhuma briga ou confusão que pudesse motivar o crime.

“Tem um baba na sexta e outro no domingo. São pessoas daqui mesmo ou de outros bairros, mas que sempre jogam juntas, que se conhecem. Eles (as vítimas) eram daqui mesmo, da galera, pegavam o baba, participavam dos nossos eventos. Eram tranquilos”, conta um dos participantes da festa.

Outro integrante do evento revelou que, nos anos anteriores, a confraternização costuma reunir entre 50 e 60 pessoas. “Esse ano, tivemos uma adesão maior, mas era uma galera formada por amigos de amigos, que se juntaram e vieram. Ainda assim, continuava sendo uma festa pequena, de bairro, com música, bebida e comida, sem baderna”, diz.

Chacina causou comoção popular em Camaçari (Fotos: Reprodução | WhatsApp)