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Cidade considera vexame casa da Record para pernambucana que salvou livros da enchente

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Conhecidos de Rivânia ridicularizaram tamanho do imóvel em relação ao projeto exibido na TV: ‘Casa para guardar coco’

Familiares e amigos acusam emissora de se aproveitar da história da menina para angariar audiência. Fotos: Record/Reprodução e Facebook/Reprodução

Moradores do distrito de Várzea do Una, no município pernambucano de São José da Coroa Grande, a 117 km do Recife, estão revoltados com a obra realizada pela Record da casa da garota Rivânia da Silva, de 8 anos. A garota comoveu o país depois que escolheu salvar o material escolar em detrimento de roupas e brinquedos durante as enchentes que assolaram o estado no primeiro semestre após uma matéria da repórter especial do Diario Silvia Bessa circular nas redes sociais. Uma campanha realizada na internet mostra foto da construção – prometida pelo apresentador Rodrigo Faro em rede nacional – e critica a utilização de materiais de baixo custo enquanto familiares da garota afirmam que o imóvel não condiz com o que foi prometido pela emissora e se mostram preocupados com a segurança oferecida.

Segundo Dona Ivone, avó da garota, a produção da Record teria apresentado um projeto bem diferente do que se vê na construção. Ela afirma que o número de cômodos é inferior ao prometido e se diz preocupada com a cobertura da residência e a segurança dos moradores. “Eu me preocupo porque a casa foi construída numa região afastada, sem segurança. Cobriram com telha brasilit e me disseram que teria forro, mas eu não estou vendo lá”, aponta Maria Ivone.

Moradores da região manifestam indignação nas redes. Foto: Facebook/Reprodução

Uma das promessas realizadas durante o programa foi a de que a costureira receberia um espaço dedicado a realizar o seu ofício, fonte de renda para o pagamento de contas domésticas. O cômodo apresentado, porém, está aquém do necessário para o trabalho. “Fizeram um espaço junto da cozinha. Eu nunca vi ninguém costurar na cozinha”, diz. Ela conta que levantou as suas preocupações durante a última visita realizada pela produção do programa, na última terça-feira (19), mas que não obteve uma resposta clara da equipe sobre o direcionamento e conclusão da obra. “Ele falaram que vai ser finalizada lá para o final de janeiro, e que iriam ‘ver’ isso do forro. Agora que a casa está quase pronta, eu vou fazer mais o quê?”, questiona, humilde.

A doação da moradia tem sido alvo de polêmicas. Em outubro, o Viver revelou a decepção da família da garota com a emissora porque a construção ainda não havia começado. De acordo com a Record, no entanto, a produção estipulou o prazo de seis meses para a entrega da casa pronta. Para os parentes, eram 90 dias. Em novembro, Rivânia viajou para Brasília para receber a medalha de bronze da Defesa Civil Nacional, honraria em reconhecimento aos serviços prestados ao país em assuntos de defesa civil, concedida pelo Ministério da Integração Nacional.

Revolta
Através das redes sociais, os moradores da região demonstram revolta pelo resultado preliminar da construção e iniciaram uma campanha criticando o programa e a emissora pela utilização de materiais de baixo custo na alvenaria e no telhado. Diversas imagens da casa e cenas do momento em que Rodrigo Faro promete a moradia à garota Rivânia na Record foram publicadas com a legenda “vergonha!”. Segundo eles, o imóvel não oferece condições seguras de habitação para família, por conta das condições climáticas e por se tratar de uma localidade área afastada do centro urbano.

“Eu não acredito que eles fizeram uma casa pra guardar coco, porque isso aí não é uma residência. Isso é uma casa feita nos sítios para guardar coco. Eu não acredito que a Rede Record de televisão, que fez uma matéria em rede nacional com essa menina, fez esse quixó de telha brasilit na beira de uma estrada com uma porta de 60 centímetros para entrar”, criticou um morador, revoltado, em áudio enviado pelo WhatsApp.

O que deveria ser uma alegria para a família e um motivo de orgulho se tornou um caso vexatório na região. “Que palhaçada, que vergonha, raça de víboras traiçoeiras! O que estão fazendo com essa menina não se faz nem com um animal”, criticou outro morador, indignado. “Quem desenhou isso aí tem que voltar para estudar. Até na porta economizaram. É porta de banheiro, é?”, ridiculariza outro. Pessoas próximas da família acusam a Record de se aproveitar da história da garota para angariar audicência: “É preciso cobrar provicências das autoridades sobre o que estão fazendo com essa garotinha, é inaceitável. É contra os princípios éticos e morais. E a população em si não pode se calar diante de um caso desse. A sociedade não pode silenciar”.

Projeto
Depois de se tornar alvo de críticas e com medo de sofrer represálias na região, o arquiteto Allan Kassio, que teria sido procurado pela Record para elaborar o projeto da construção, emitiu uma nota de esclarecimento e criticou a execução da obra pela empresa empreiteira parceira da emissora no projeto. Em entrevista o Viver, ele contou que foi procurado em julho deste ano para a elaboração do projeto arquitetônico, mas que a Record teria optado por realizar a obra com outra companhia.

“Essa casa foge do padrão de habitação para qualquer cidadão. É uma barbaridade o que está sendo feito, principalmente quando você leva a pessoa para um programa de televisão e exibe uma promessa em rede nacional”, critica o arquiteto. Segundo ele, na época, o projeto de construção da casa mais o valor de compra do terreno teriam um orçamento total de R$ 120 mil. No entanto, ele estima que a construção realizada alcance um custo máximo de R$ 30 mil reais, o que seria incompatível com a promessa da emissora.

A Record foi procurara pelo Viver mas ainda não se pronunciou sobre as críticas. A resposta da emissora será publicada assim que enviada à reportagem. *Por http://www.diariodepernambuco.com.br/app/outros/ultimas-noticias/46,37,46,61/2017/12/21/internas_viver,735546/familia-reclama-da-casa-feita-pela-record-para-pernambucana-que-salvou.shtml