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Adolescente que acusa PM de estupro em corrida de Uber desabafa: “não como, não durmo e vejo este monstro em tudo”

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Por Diego Vieira/BNews

O que era pra ser mais uma viagem rotineira da casa do namorado, no bairro de Sussuarana, em Salvador, para Plataforma, no Subúrbio Ferroviário da capital baiana, se transformou em uma história de dor e sofrimento. Assim resume a adolescente de 17 anos, que afirma ter sido estuprada por um policial militar durante uma corrida pelo aplicativo Uber, na noite do último dia 25.

Bastante emocionada e sem conseguir lembrar de muitos detalhes, ela conversou com a reportagem do BNews, na manhã desta quarta-feira (8). “Quando eu entrei no veículo não suspeitei de nada. Entrei no carro e comecei a mexer no celular. Eu sei a rota, porque eu sempre fazia esse caminho da casa do meu namorado para Plataforma, quando eu me dei conta eu estava em um caminho totalmente diferente. Daí eu perguntei a ele porque ele tinha desviado o trajeto e ele começou a rir e depois fechou o vidro do carro”, contou a adolescente.

Duas semanas após o crime, as marcas da violência ainda estão visíveis nas pernas da garota. Segundo a vítima, o motorista, identificado como o PM Agnaldo Alves Boa Morte, a agrediu com um estilete, após ela ter negado entregar o aparelho celular para ele. “Ele ficou o tempo todo me ameaçando com um estilete. Depois ele pediu para eu colocar a senha no meu celular, mas na hora do nervoso eu não lembrava a senha. Quanto mais tempo eu demorava para colocar a senha, ele me agredia. Quando eu consegui lembrar a senha, ele pegou o aparelho e fez uma nova estimativa de corrida e em seguida excluiu o aplicativo”, lembrou.

Conforme a jovem, depois que desceu do veículo, ela pediu ajuda aos moradores. “Ele me deixou na frente de um condomínio na Sussuarana e pediu para eu sair do carro como se nada tivesse acontecido e pediu para eu agir normalmente. Quando eu desci do carro, entrei em uma rua e pedi ajuda. Logo em seguida, eu desmaiei e quando acordei já estava dentro de uma ambulância”, contou.

Ela ainda desmentiu a versão apresentada pelo policial. Através de um áudio que circula pelo Whatsapp, Agnaldo declarou que a corrida teria sido solicitada no Novo Horizonte para o condomínio Central Park, que fica na Avenida Ulysses Guimarães, na Sussuarana. “Isso não existe. Eu pedi o Uber para eu ir para Plataforma, não tem lógica isso. O próprio aplicativo tem isso registrado”, afirmou.

Ainda segundo a adolescente, o motorista cobrou pela corrida. “Antes de eu sair do carro ele pediu para eu pagar pela corrida. Eu tinha um desconto no aplicativo e não consigo lembrar do valor que eu paguei”.

Tramautizada, a jovem que mora com o padrasto e mãe, tenta se recuperar ao lado da família e do namorado, com quem está há dois anos. Ela vai iniciar um tratamento psicológico nesta quarta, onde espera que a partir daí possa esquecer o rosto do homem que ela chama de “monstro”. “Eu não consigo comer, eu não consigo dormir, eu vejo ele em tudo. Para mim ele é um monstro, um bicho na sociedade. A gente sempre ver passando esses casos em jornais, em filmes, mas a gente acha que nunca vai acontecer com a gente”, desabafou.

Afastamento da corporação

Após ser identificado como policial militar, Agnaldo Alves foi afastado da corporação. Em nota, a Polícia Militar informou que o soldado era lotado na 19ª Companhia Independente, do bairro de Paripe, e responderá a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). Confira a nota na íntegra:

“A Polícia Militar, por meio da Corregedoria, instaurou um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o envolvimento do policial militar acusado de violentar uma jovem no momento em que a transportava como condutor de Uber. Assim que recebeu a denúncia através da corregedoria da corporação, a 19ª CIPM, unidade na qual o militar é lotado, afastou o soldado das atividades operacionais enquanto transcorre a investigação. A PM faz apuração na esfera administrativa e o resultado do PAD pode implicar até na demissão do militar. Já a investigação do crime é feita pela Polícia Civil”, diz o comunicado.

Uber

Já a Uber afirmou, em contato com o BNews, que o motorista já foi banido da plataforma. “Este tipo de comportamento é absolutamente intolerável e o motorista já foi banido da plataforma. A Uber está em contato com a família da vítima para oferecer assistência e se colocou à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações. Vale lembrar que nenhuma viagem na Uber é anônima e este tipo de comportamento, se confirmado, leva ao imediato desligamento da plataforma. Acreditamos na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência contra a mulher”.